quarta-feira, 17 de novembro de 2010

OH MAR SALGADO!...


SENDO PORTUGAL um País que possui uma área marítima, incluída na Zona Económica Exclusiva, dezoito vezes maior do que o espaço terrestre que constitui o território que nos cabe nesta ponta da Península Ibérica, para além de ter sido, no passado, líder na História do mar, e, na actualidade, constituir, por todas essas razões, uma espécie de modelo desejado por tantos países do nosso Continente que, não tendo o mar a banhar-lhe as costas, bem desejariam dispor dessa oferta da Natureza para a aproveitarem em toda a sua plenitude, cabendo-nos tal privilégio o que nos leva a lastimar são as nozes que nos foram postas à disposição e a falta de dentes que nos têm faltado para as mastigar convenientemente.
Em termos populares é o que me salta na escrita que estou a produzir. E, desenvolvendo o tema com maior afinco, sem ser necessário recorrer a uma grande imaginação, é causa para nos pormos a meditar sobre a situação que o nosso País teria alcançado se, com espírito empreendedor e depositando grande confiança nas técnicas que têm vindo, há anos, a ser desenvolvidas nas explorações marítimas, o que proporcionou já a outras nações o terem ultrapassado enormes dificuldades económicas graças ao aproveitamento da área marítima de que dispõem para, entregando as buscas e explorações de petróleo procuradas nas suas águas a empresas internacionais que dominam tal negócio, se nos tivéssemos preocupado em seguir essa via não teríamos conseguido vermo-nos libertos da crise mundial que também nos atingiu de maneira feroz.
Mas vou mais longe. Se, em vez de termos expendido tantos milhões em auto-estradas que sobram no espaço terrestre que nos pertence e que, na fase actual, até nem se consideram tão essenciais, efectuando acordos com os especialistas na área petrolífera de molde a que as pesquisas retirassem todas as dúvidas sobre se, na área que nos corresponde no Oceano Atlântico, se verifica ou não a possibilidade de extrair o precioso líquido, nem é necessário grande esforço para se imaginar o ponto em que Portugal se encontraria hoje em tais circunstâncias. Afinal, o nosso querido Timor, aquela metade de País que tantas dificuldades atravessou e que, durante o período em que foi uma colónia portuguesa, nunca passou daquela cepa torta que constituiu uma norma de todos os pedaços que fizeram parte da nossa presença comunitária – Angola, teve a sorte de lhe ter sido descoberto petróleo, ainda na época de Salazar, o que causou ao ditador português um enorme aborrecimento e, nesta altura, tem o seu desenvolvimento pendente de tal realidade -, mas ainda quanto a Timor, nesta altura até se propõe ajudar o nosso País com a compra de alguma porção de dívida pública, esse exemplo não dá a menor ideia de ambicionarmos vir a gozar de idêntica felicidade, pois que os nossos Sócrates andam embevecidos com os seus próprios feitos e não dispõem de o mínimo de iniciativa para enveredar por aquilo que, sendo de princípio um sonho, valeria sempre a pena investir-se em tal hipótese, dados os resultados que se obteriam se, numa área marítima como aquela que se encontra ao longo da nossa costa, surgisse o que foi encontrado em tantas zonas do mundo.
Mas, se nem à pesca somos capazes de tirar o partido que, por exemplo os nossos vizinhos espanhóis, não deixam por mãos alheias, como é que podemos ter veleidades em que, das cabeças de governantes portugueses, tivesse saído algum espírito de iniciativa que atingisse a dimensão da probabilidade que refiro neste texto?
Eu não espero que sejam os de fora que venham criticar a nossa moleza em deitar as mãos a tudo que possa sugerir uma forma de nos desenvolvermos, aproveitando as circunstâncias que foram colocadas ao nosso alcance, neste caso pela característica da nossa posição geográfica. Se fossem esses, eu não gostaria nada. Mas sermos nós, portugueses, a apontar os erros que nos cabem, isso não apelido de falta de patriotismo pois, pelo contrário, o não dar um passo no sentido de apelar para as nossas faculdades criadoras é que tem de representar a ausência de amor ao que é nosso.
Sempre fui assim e continuarei a sê-lo… até!

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