quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GREVES PRECISAM-SE...


NÃO SE PODE DEIXAR DE PÔR OS NOMES ÀS COISAS. Isso de fugir às responsabilidade, de sair sempre pela porta dos fundos, de não querer alimentar inimizades, sobretudo quando elas podem vir de alguém com um certo poder, tal atitude deve ser afastada do comportamento dos portugueses que, como é sabido, apenas dão mostras de uma posição que entendem ser justa quando se formam grupos, e quando existe alguém que, nas traseiras, prepara cartazes e frases feitas que se propagam nos altifalantes.
E é por isso que as organizações que movimentam multidões que ocupam as ruas e que se auto denominam como defensoras de ideais que têm em vista a protecção das populações, são quase sempre oriundas de movimentos políticos que, com tais atitudes, também pretendem angariar mais adeptos para as causas ideológicas que mantêm. Mas, quanto a isso, não existem novidades que os cidadãos não conheçam, e se aderem a tais aglomerados de participantes será por uma das razões à escolha: por terem prazer em fazer parte de movimentos que percorram as ruas e isso os diverte, porque, a junção a essas marchas lhes proporciona uma desculpa de falta aos deveres de trabalho, porque, obviamente, estão de acordo com os motivos da reclamação popular, e também porque sempre têm oportunidade de ser apanhados pelas câmaras de filmar das televisões e com isso gozarem do prazer de uma exposição, ainda que seja completamente efémera.
A greve geral, anunciada há já bastante tempo e que tem como cabeça de cartaz o homem forte da CGTP, Carvalho da Silva, que surge frequentemente a clamar contra as medidas que, na sua óptica, prejudicam os “trabalhadores” – como se fossem só os que trabalham por conta de outrem que sofrem as consequências da má governação socratiana -, porém, naquilo que ninguém é capaz de expor é se tamanha convergência de habitantes e residentes nacionais irá resultar na rectificação das acções governativas e se o tempo que foi perdido para traz sem serem dados os passos que as circunstâncias impunham para ter evitado o mal maior que nos encontramos agora a sofrer, é agora recuperado com esta paralisação e, a partir de tal tomada de posição tudo fica resolvido e já não temos de nos preocupar sobre se o FMI tem de vir até cá para impor as medidas que ainda mais agravarão o dia-a-dia dos portugueses ou se, através da paragem da actividade de uma centenas de milhar de portugueses, com isso resolvemos o problema.
Carvalho da Silva, que foi um antigo trabalhador dos estaleiros na outra margem do Tejo, participante no movimento comunista como era e é do seu inteiro direito, aderiu, em determinada altura da sua vida operária, ao apelo que a Esquerda específica lhe fez. E, sem que se possa acusá-lo de oportunidade aproveitada, é certo que tirou partido de tal passo e, utilizando as características que o marcam, subiu rapidamente dentro do movimento a que se atribui a luta pela melhoria das condições de vida dos que trabalham por conta alheia. Atingiu o primeiro posto. E, como funcionário dessa organização, chamada CGTP, fez desse caminho uma espécie de via que lhe foi proporcionando, para além da saída de funções operárias, os estudos superiores, o que, há que dizê-lo, só constituem um mérito e não motivo de crítica, se bem que os horários de que passou a usufruir lhe tenham proporcionado uma liberdade para o estudo que a anterior ocupação não permitia… nem o que ganhava chegava para se manter.
Lula da Silva, também ele um antigo operário, atingiu a posição de Chefe de Estado do Brasil e deu mostras de ser capaz de pôr ao serviço dessas funções um bom senso e uma actuação que lhe mereceram o respeito dos cidadãos brasileiros. Ocorre-me fazer agora esta pergunta: se Carvalho da Silva tivesse a oportunidade de chegar a um posto semelhante aqui em Portugal, que atitude seria a sua de forma a colocar o nosso País na senda certa, dentro, obviamente, do sistema político democrático que vigora entre nós e não recorrendo a qualquer modelo ditatorial e, como ele tem proclamado, saindo do espaço da Europa Comunitária e do euro, e fixando-se numa espécie de Albânia de outro tempo, aqui isolados do resto da Europa e do mundo?
Gostava de conhecer a opinião de muitos dos actuais seguidores das posições de Carvalho da Silva, já que eu, que também sou, como está largamente provado, um descontente com a actuação do Governo que temos, não alinho nas paralisações dos que trabalham, antes defendo a tese de que é imperioso que todos sejam mais eficientes nas funções que exercem, percam menos tempo agarrados aos telefones, não faltem tanto ao trabalho com a escusa de imensos motivos, sejam pontuais e actuem cá dentro como os nossos emigrantes no exterior procedem. Porque lá, se não cumprirem… são despedidos sem recurso à justa causa!
Assim, a grande greve que hoje vai ter lugar, não tem outro resultado que não seja o de “descansarem” mais este dia todos os que andam sempre a arranjar escusas para não porem os pés no lugar da sua actividade. Não é fácil largar esta opinião, pois muitos dos que são sempre vistos pelas câmaras de televisão a clamar pelos ditos “direitos dos trabalhadores”, nunca apelando pelo aumento de produtividade e menos ainda recomendando que todos se entreguem à sua actividade e não se distraiam com conversas, pelo contrário sempre acusando os empresários de prestarem um mau serviço ao País, o que também é verdade em muitos casos, repito, toda essa mole de gente que não tem a mínima comparação com, por exemplo, os trabalhadores alemães (já nem falo nos chineses) que lutam pela maior eficiência naquilo que é a sua labuta, repito, essa gente ao tomar conhecimento deste blogue é evidente que se insurgirá e não perdoará que, mesmo tendo o seu autor sofrido perseguições ao longo do antigo regime, nesta altura, será acusado de defensor do capitalismo, essa posição que nunca soube o que era.
Dói, pois dói. Mas então ninguém tem conhecimento desta situação e sou apenas eu que apelo ao bom senso?

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