segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ESTES ESPECTÁCULOS!


ISTO, TANTO FAZ que chova como faça um lindo dia de sol neste País que bastante precisava ter outra gente digna de merecer, pelo menos, a gentileza que lhe concede a Natureza, não só pela posição geográfica que ocupa como também pelo passado histórico que lá foram edificando os que, nos nove séculos de existência, se sobressaíram da mole de habitantes que, sempre com as maiores dificuldades, conseguiram chegar até hoje. Porque isso do sol na eira e da chuva no nabal já foi chão que deu uvas, para usar termos bem populares que, em muitas ocasiões, dão um certo jeito.
Nesta altura do drama que se presencia no nosso País, em que os protagonistas fazem papéis de figuras ridículas, uns de maus da fita e outros de tontos que não sabem o que andam a representar, os temporais, as chuvas que já não são de molha-tolos até servem para desviar as conversas dos espectadores que choram, alguns na plateia mas a maioria na geral. O pouco dinheiro que lhes restava serviu para pagar obrigatoriamente o bilhete, pois que à saída da cada de representações só lhes resta ir pedir à porta, para poderem pagar o transporte para casa que, entretanto, também subiu de preço.
Bem, este argumento de uma peça nem precisou de ser muito ajudado pela imaginação. Bastou olhar em redor e passar ao papel o que se passa por todos os lados nesta nossa Terra.
Vamos ter Cavaco Silva de novo na Presidência da nossa República. Está mais que sabido. Mas também, quem podemos imaginar que venha a ocupar essas funções? Há assim tanto para escolher? E é o mesmo que quando chegamos à bilheteira de uma casa de espectáculos e quando temos de escolher o lugar nos dizem que só há um. Então tem de ser aquele!
Depois, na mesma sala de representações, já não são só os actos que se encontram por representar, pois também ainda restam sobras dos anteriores espectáculos que servem para nos entreter nos anfiteatros e enquanto aguardamos pelo toque da campainha a avisar que está quase a começar o programa que se segue. Esta agora anunciada, que o ex-ministro das Obras Públicas, Mário Lino, o tal do “jamais”, estava a ser investigado por “suspeita de corrupção”, no âmbito do processo Face Oculta, é bem uma amostra de que não nos chega assistir às cenas que se preparam para ser desenroladas nos diversos palcos da governação, o que ficou para trás também aparece para entreter os que pagam as entradas e que não têm outro remédio que não seja fazer alguma pateada que, na maior parte das vezes, nem chega aos ouvidos dos actores… ou ele fazem-se de surdos!
E quando, ao mesmo tempo, são revelados – como se ninguém conhecesse essa peça de opereta – os escândalos dos ordenados e pensões que calham nos bolsos de outros “artistas” que passaram por diversos teatros de comédia, sempre a receber enormes compensações e que ainda, depois de aparentemente retirados, ainda metem a mão na “bilheteira”, pois quem recebe o produto das vendas dos bilhetes lá está, com ordens superiores, para continuar a sustentar os gulosos que não param de vangloriar-se pelo seu “valor artístico” que os colocou em posições especiais, essa vergonhosa actuações á concedida a quem nem precisa de pedir ajuda da Casa do Artista.
É ter conhecimento de que uns antes presidentes de empresas relacionadas com o Estado, a REFER, a REN, a EDP Imobiliária e tantas outras de que nem há ainda conhecimento, essas instituições que vivem à custa do que usurpam ao povo pagador são as que atribuem altíssimos pagamentos, tanto enquanto exercem lá alguma (pouca) actividade, como depois quando saem reformados.
E a tudo isto o tal José Sócrates se mostra indiferente. Não se lhe vê um único gesto, nem a mais pequena palavra que mostre que não está disposto a aceitar estas poucas-vergonhas. Quem sabe lá porquê!...

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