quinta-feira, 4 de novembro de 2010

VANDALISMOS


HAVERIA QUEM ADMITISSE que, devido às condições económicas, financeiras e com um desemprego que não para de crescer, os vandalismos que, aparentemente levados a cabo por gente jovem, deixa as paredes dos edifícios e mesmo os monumentos públicos todos manchados de tinta que desvaloriza tudo onde deixam marca da sua passagem, talvez se tenha chegado a pensar que essa fúria de cabeças doentes baixaria substancialmente, devido também à falta de meios para adquirir os “sprays” e porque algum bom senso acabaria por chegar.
Mas a verdade é bem outra. Sem ser suficientemente compreensível ou talvez nem por isso, a fúria do vandalismo permanece e, tal como a crise não pára de se instalar, mas se pensarmos bem poderemos concluir que a enorme quantidade de juventude (ou não será só essa?) que se encontra desempregada leva a que ocupem os seus tempos a encher de letras sem nexo, de pinturas horrorosas todos os locais que, se se encontram limpos, ainda maior furor de sujar se verifica.
O estado a que chegou também a Justiça no nosso País, em que a imposição da ordem publica atingiu foros de enorme desmazelo, faz com que estejamos entregues a um espírito de baixa punição não só de crimes considerados menores mas igualmente nos que tem de causar maior preocupação.
Pelo caminho que as coisas levam temos de concluir que haveremos de enfrentar uma vida no nosso Pais que nos conduzirá a desejar fugir fronteiras fora para qualquer sítio onde se verifique um mínimo de cumprimento de regras onde não se esteja entregue a uma completa anarquia. E não será apenas devido a tais pinturices.
Eu bem sei que este vandalismo de espalhar pelas paredes o mau humor ou o imaginado jeito para pintar não se passa apenas no nosso País. Em muitas cidades estrangeiras se assiste a idêntico espalhafato de sujidade, o que significa que tal atitude de tamanho mau gosto representa uma “moda” que se pegou, volto a referir, certamente nos indivíduos de idade ainda situada na juventude. Mas será que com o seu crescimento, com o entrar na vida a sério esses mesmos autores de tal malvadez não se arrependem do que fizeram antes e passem a prestar atenção às tendências dos seus descendentes de forma a evitar que lhes aconteça terem igual apetite?
Se ainda podemos ter a veleidade de ser exemplo de alguma coisa, neste particular os homens que se encontram em locais de decisão, caso se lhes vislumbrasse alguma aptidão para rectificar o que se encontra mal e que nem por isso apresenta grande dificuldade em dar a volta, se tais figuras se revoltassem por assistir ao emporcamento dos locais públicos encontrariam com facilidade remédio para esse actos. Bastava que as leis existem e que não são seguidas à risca, ao serem detectados os autores dos referidos actos, se lhes aplicasse a obrigação de limparem não só o que fizeram mas todo o borrado nos arredores, ficando com ficha nas autoridades para que, se voltassem a repetir tal gesto de agressão visual dos outros, o castigo que lhes seria aplicado teria de residir em algo que lhes ficasse na memoria.
Como existe tanta porcaria a ser limpa, se se começasse já a actuar de acordo com essa decisão, por um lado diminuiria, por certo, o número de novos pictóricos nojentos e, por outro, o que está desfeiteado começaria a desaparecer.
Se isso não acontecesse, se a solução não fosse essa, então haveria que deixar o mundo seguir o seu próprio futuro e até talvez disso se tirasse algum proveito: o de se pôr termo à pintura dos prédios, pois que, logo a seguir a serem construídos, rapidamente aparecem os bandiditos, munidos dos seus “sprays”, a deixar a marca dos seus maus feitios.
Numa altura como esta em que se vai discutir no Parlamento um Orçamento do Estado que se considera de mínima validade e que vai ser aceite por não acontecer coisa ainda pior, bem se lhe poderiam juntar medidas que mostrassem à população que o governantes lá conseguem encontrar formas de satisfazer necessidades que nem carregam nas despesas e que algum gesto de ponderação representariam.
Eu refiro-me a brincar a esta invasão de malfeitorias. Mas que o panorama não será dos mais encantadores, para os que cá ficarem e que vão carregar nas costas as consequências dos desvarios que cá se vêem praticando, os que não só terão de pagar as pesadas dívidas que lhes deixamos, como ainda por cima lhes vai caber assear o que encontrem pelas paredes e nos monumentos deste Portugal, essa tarefa irá enraivecê-los. Vai ser, de facto, uma boa herança que lhes deixamos!
P.S. – Se bem que o tema em cima esteja já tão gasto que pouco haverá a acrescentar, pelo menos por agora, ao que é cansativamente exposto por tudo que é órgão de comunicação, não quero que os meus leitores estranhem pelo facto de não me referir hoje ao Orçamento do Estado. Cá vai, pois:
Entre terça e quarta feiras, no Parlamento, o documento será referido, sabendo-se já que, na generalidade, o mesmo não encontrará oposição maioritária que o retenha pelo caminho. Nas especialidades, depois, é possível que algumas alíneas sejam sujeitas a críticas e, eventualmente, alteradas algumas passagens. Mas a verdade é que nada disso modificará o negro futuro próximo que vai ser oferecido aos portugueses, pois o que constituiu uma governação merecedora de todas as repulsas só deixou para nós e para os nossos descendentes um panorama que o que apetece é fugir, se calhar só para a China…

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