terça-feira, 16 de novembro de 2010

BRINQUEMOS TODOS!



AFINAL ANDAMOS POR CÁ A BRINCAR A QUÊ? Esta a pergunta que fariam ainda os ingénuos portugueses, que são muitos, sobretudo os que não acompanham em pormenor o que o Governo que temos (não) vai fazendo. A afirmação saída da boca do ministro da Economia, António Mendonça, de que as obras do TGV, a partir do Poceirão e até ao Caia, vão começar no início de 2011, isto contrariando o que ficou combinado entre José Sócrates e o PSD, tal tomada de posição precisamente na altura em que os contribuintes vão sofrer ainda maior agravamento pelas exigências de dinheiros públicos que são cada vez mais escassos e em que as dívidas ao estrangeiro não param, não pode deixar senão de boca aberta todos nós que nascemos e vivemos nesta Terra.
É forçoso remodelar o Executivo, clamam alguns. Este grupo chefiado por Sócrates encontra-se completamente esgotado há já muito tempo, é o que se ouve em muitas bocas. Pois é, mas a verdade é que, enquanto isso não se verifica – e nem se sabe muito bem como tal pode suceder -, a brincadeira da governação é coisa que vai atirando para o fundo do mar esta ponta oeste da Europa que não dá mostras de encontrar um caminho de mínima seriedade, já que de competência isso nem vale a pena falar.
E a propósito disso mesmo, da seriedade, tal postura é coisa que não se verifica em nenhuma área de gente que se encontra bem situada no meio da putrefacção política, económica e financeira em que vivemos. Não é então isso que os jornais já não escondem, com os benefícios ofensivos que recebem alguns que não têm o menor pudor em sacar o que o possível, por mais vergonhoso que isso seja. O título que enchia as primeiras páginas dos diários, de que “ricos ganham milhões livres de impostos”, sendo expostos todos os nomes de alguns deles, posto que, seguramente haverá muitos mais de que nem se tem conhecimento, tamanho escândalo em que as caras dessas figuras são expostas e que surgem também com frequência nas televisões a debitar opiniões sobre o estado em que se encontra o País, essa pouca vergonha só é possível porque as forças que têm poder para pôr um ponto final fazem ouvidos de mercador e olham para o lado, dando também nesse sector a prova provada de que não existem.
Tudo que está mal por cá e que, mesmo perante as dificuldades financeiras com que nos debatemos – ou até por isso – maior razão oferece para que se actue com eficiência e que um Governo, se ele funcionasse correctamente, teria ocasião para interferir, ao depararmos com a indiferença em que se movimenta, deixa-nos de pés e mãos atados e não se compreende, por isso, que venha até o Presidente da República efectuar recomendações teóricas de que devem os portugueses ter confiança e fazer o que estiver ao alcance de cada um para que saiamos deste panorama.
É o que eu não me farto de repetir, pregando no deserto: é fundamental que todos os responsáveis em alguma coisa, especialmente os da política, falem a verdade e digam claramente o que está mal, apontando os caminhos que devem ser seguidos. Não escondam os erros, próprios e alheios. Tenham a coragem de reconhecer que, até da parte de cada um, não foi a melhor atitude, esta ou aquela, a que foi tomada.
Claro que eu sei que nós, portugueses, não somos muito adeptos de, por nossa iniciativa, confessarmos os erros que praticamos. A culpa é sempre dos outros. E quando presenciamos os benefícios exagerados que uns tantos ainda recebem, por motivo de se encontrarem em posições que lhes permite meter ao bolso valores fabulosos, a única atitude que nos resta é a da revolta. Muda e surda.

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