domingo, 17 de outubro de 2010

OLHA QUE DOIS!...


SE NÃO SE DESSE a circunstância de Portugal se encontrar num estado cada vez mais perto da banca rota, pois quem tem que pagar dívidas e não dispõe de fundos para cumprir a obrigação de as liquidar não se pode considerar em posição diferente, se não fosse isso, ao tomar conhecimento deste Orçamento que Teixeira dos Santos lá conseguiu apresentar, ao cabo de sucessivos adiamentos, tal como sucedeu no anterior acto do Governo a que pertenceu e que também teve Sócrates como número um, e em que não conseguiu apresentar o O.E. em data e hora marcadas, eu, por mim, considerava-o como merecedor de ser reprovado, perante o exagerado apertar dos gasganetes ao povo português, que se encontra já a suportar há bastante tempo as maiores dificuldades de subsistência.
Este Ministro das Finanças já deu provas, mais do que suficientes, de que não tem condições mínimas para se encontrar à frente de um departamento de tão grande importância e só com um Sócrates a chefiar um Executivo, também ele (ou sobretudo ele) de tão grande incapacidade em escolher bons conselheiros e saber ouvir as opiniões dos outros, é que se formou um duo com tão pouca competência e que nos calhou ter de suportar.
Porque, face ao panorama que foi instalado em Portugal, as pesadas exigências de aumento dos impostos e, embora não total e sapientemente, a diminuição de gastos do Estado, nesta altura não se pode fazer outra coisa que não seja apertar fortemente o cinto, se bem que as escolhas feitas nas tais “noites sem dormir” que o ministro disse ter passado não sejam as que deveriam ter sido as preferidas, razão pela qual afirmo, no início deste escrito que, por mim, chumbaria o documento, repito, se as circunstâncias políticas fossem outras.
Porque o que a História contará um dia mais tarde, ao analisar o período que constitui agora a tortura dos portugueses, será a culpa que fica a caber a este Governo de Sócrates de não ter sido capaz de antever, com o tempo suficiente para prever o que estava aí a apanhar-nos, face à crise que se foi alargando pelo mundo e que, muito antes de cá chegar, já fazia parte dos comentários dos economistas de todo o mundo que bem avisaram de que era inevitável por acabar por ter também Portugal no seu caminho, se impunha que tivessem sido tomadas medidas de rigorosa interrupção imediata dos investimentos loucos que foram planeados e executado.
Para além de tudo isso, os governantes e sobretudo o seu Chefe Sócrates não tiveram a capacidade – porque não se deram conta dessa necessidade imperiosa – de, em vez de lançar discursos de regozijo pela imaginária boa posição da economia nacional, terem prevenido a população para a conveniência em não exceder os gastos para além das suas posses, estimulando uma boa produção de toda as camadas sociais, uma entrega ao trabalho dentro das nossas fronteiras idêntica à que os portugueses praticam quando se encontram na situação de emigrantes (em que são muito elogiados), tudo isso, que deveria ter sido aclarado e explicado – coisa que os políticos nacionais têm grande dificuldade em fazer -, não foi levado a cabo e por cá criou-se o mito de que vivíamos na maior das facilidades e que o gastar não importava, porque mais tarde lá se pagaria… E os bancos nisso foram grandes culpados.
Por sua vez, o Estado, ao ter recorrido sucessivamente, sem conta, peso e medida, a empréstimos externos que foram carregando as suas dívidas que, chegada a esta altura, os próprios pesados juros que nos são impostos absorvem todas as verbas de que o Tesouro público pode dispor, não deixando margem para outros encargos que deveriam ser disponibilizados para o sector produtivo, tinha de se esperar que acabássemos por nos encontrar engasgados até ao pescoço e que um Orçamento que tirou o sono a Teixeira dos Santos fosse o que se encontra agora sobre a mesa e que o pobre dos líder do PSD, Paulo Coelho, carregue também com parte da culpa do seu Partido não ter apresentado a tempo e horas um projecto de O.E. que pudesse ser comparado com o que o Ministro trouxe agora a lume. Por outro lado, não pode passar em claro a vergonha que deve sentir o referido “dono” das Finanças, por ter apresentado poucos meses atrás o PEC1 e o PEC2 e ambos não terem acertado com as medidas que se impunham, ainda que já também tardias, o que levou agora a surgir um tratamento que se pode classificar como paliativo de pré-morte.
Seja como for, o remédio nesta derradeira altura não dá nenhuma certeza de ser suficiente para salvar o moribundo. E as críticas que sejam feitas aos culpados do que está a suceder também já nada resolvem. Até tenho medo de prever que a situação a que chegámos possa conduzir o nosso País a uma saída que não se poderá considerar como sendo o fim menos trágico.
Isto pode acabar mal! É o que pensa bastante gente desconsolada com a situação a que chegámos. Os optimistas dizem que não somos povo para golpes de Estado e que também a Europa a que pertencemos não aceita que se volte a albergar outra ditadura. Já chegou a que por cá andou!...
Mas então o que se passará, se não conseguirmos sair do aperto em que nos encontramos? Isso pergunto eu que, se cairmos em tal desgraça, o que espero é não poder já assistir a outro horror, como aquele em que fui obrigado a viver e a ter de combater subterraneamente.

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