quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SOLUÇÃO ENCONTRADA?


É EVIDENTE que um discurso de um candidato a um lugar público que esteja sujeito à votação popular tem de incluir muitos elogios em boca própria, de dizer repetidamente o “eu”, de referir que a sua experiência, a sua honestidade, a prova que dizem ter dado e até a expressão tão do agrado de que, no nosso caso, é corrente de que “os portugueses sabem quem eu sou e o que tenho feito”, tudo isso faz parte das alocuções daqueles que se apresentam às populações para anunciar a sua disponibilidade em “servir o País”. Foi isso que sucedeu ontem, quando Aníbal Cavaco Silva subiu ao palco do C.C.B. – como foi estranhamento anunciado por Marcello dias atrás -, à hora também estabelecida, para fazer aquilo que se sabia que ia suceder. E lá fez, como é devido, o seu discurso.
Por isso, não faço aqui qualquer comentário ao que ocorreu ontem e aos elogios que o próprio lançou em relação à sua actuação como candidato e à maneira como actuou sempre no passado nas funções que agora está disposto a repetir. Não se passou nada de anormal ou diferente ao que se esperava. Cada um tem a forma própria de actuar e eu, pessoalmente, sou mais partidário dos homens que têm dúvidas e que sempre admitem haver cometido alguns erros durante a sua vida, pois que o homem, por melhor que seja a sua capacidade, tem sempre momentos melhores e outros piores pelo que, para não repetir equívocos, o mais útil será que não os reconheça.
O que foi lastimável foi que, nessa mesma altura ainda não fossem conhecidos os resultados da análise entre socialistas e sociais-democratas no que respeita ao Orçamento do Estado. Teria constituído uma cerimónia com mais conteúdo e que, seguramente, seria objecto de alguma passagem do discurso de Cavaco. Mas já estamos habituados por cá a deparar sempre com atrasos nas situações que se aguardam. Não é só nas obras portuguesas que isso acontece, é em tudo e na política não poderia ser de outra maneira.
Cá estamos, pois, nós portugueses a contemplar o que vem depois. Entretanto que continuem a subir os preços e a ser mais difícil a vida que nos proporcionam os que, também com atraso, não foram capazes de tomar as medidas que se impunham quando andaram a proclamar que Portugal estava no bom caminho.
Cansados até de discursos vazios de conteúdo. Mas, neste caso, o que poderia vir dizer o candidato a Belém? Nada!...
Mas deixo aqui um acréscimo ao que fica exposto e que se refere a Eduardo Catroga, escolhido pelo PSD para ser encontrada uma solução que seja aceite pelos dois partidos em confronto neste aspecto. E, tanto ao que se poderá ter uma ideia, a impressão que me invade é a de que, em muitas situações do O.E., existe uma enorme diferença de opiniões, posto que o o documento em causa é considerado desde o início como “muito mau” e com grandes dificuldades em ser encontrada uma melhoria que leve a que Portugal, com o actual Governo em funções, saia do “buraco” em que se encontra e que, podendo ter sido evitado se, tempos atrás – como eu tenho aqui afirmado repetidamente e desde vários meses passados -, nada foi feito e as despesas públicas loucas que foram feitas não mereceram os cortes drásticos que se impunham.
No momento em que escrevo este texto não sei ainda o que virá a sair de uma eventual comunicação ao País que os dois elementos que se salientam no encontro que tem vindo a ser efectuados pelos dois grupos, mas quero ser sincero: receio bastante que, da parte do conjunto do PSD, alguma atitude de desconforto poderá surgir. Se assim for, só teremos que deitar as mãos à cabeça. Vamos a ver o que tudo vai dar, mas não estou optimista!

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