segunda-feira, 11 de outubro de 2010

RAZÕES DE QUEIXA


TODA A GENTE, mesmo a que não anda muito ao corrente do que se passa na área da politica, devido às limitações que são impostas aos portugueses, especialmente os que sentem mais na pele as dificuldades em manter uma subsistência minimamente aceitável, em virtude dessas circunstâncias toma mais conta do que ocorre no nosso País e, na falta de outro objectivo para ser alvo de acusações, aponta o dedo ao Governo que temos já há uns anos e que, face às críticas que surgem de diferentes lados, tem de merecer o papel de culpado.
Mas, vistas bem as coisas, apontando os problemas que se amontoam agora e que se podem classificar na categoria de castigos impostos aos cidadãos portugueses, teremos de chegar à conclusão que, de facto, foi conseguido “coleccionar” uma série de punições que os naturais deste Rectângulo à beira-mar plantado têm de cumprir, não lhe valendo de nada o facto de fazerem parte de um dos países iniciais instalados como tal na Europa, como também o feito de terem saído daqui os primeiros descobridores de terras dantes ignoradas e também de, isto na actualidade, nós termos uma simpatia especial ao recebermos os visitantes que cá chegam, característica esta que consegue bater de longe a maioria de outras populações e estas também situadas na nossa área europeia. Embora haja quem classifique isso de espírito de subserviência, a diferença para melhor que, neste aspecto, fazemos da maioria dos outros, sempre nos dá algum grau de superioridade que bastante falta nos dá noutras comparações.
Mas a realidade é esta. E vale a pena enumerar, mesmo de memória, todas as tomadas de posição que têm vindo a ser suportadas neste período e que nos cabe ter de suportar, sendo eles provocados pelos compatriotas nossos que se situam nos lugares de decisão e que, tratando-se de medidas inevitáveis, essas resultam do demasiado tempo passado sem que outros sacrifícios, por ventura mais moderados, tivessem sido pedidos aos portugueses.
A lista abaixo enunciada só tem a intenção de recordar o que é já bem sabido, mas também pretende fazer pensar se, ao mesmo tempo que as duras imposições que irão até provocar uma greve e uma manifestação no próximo dia 24 de Novembro (a qual não resolverá nada e provocará um gasto extraordinário ao País), se essas tomadas de posição organizadas pelos profissionais dos sindicatos não deveriam ser substituídas pela demonstração daquilo que a CGTP e a UGT consideram como fundamental para reduzir os dispendidos que o Estado suporta e qual a forma mais justa que defendem para evitar o aumento de impostos.
Quanto a mim existem diversas opções que, tanto o PS como as Oposições, deveriam encontrar-se na primeira linha das medidas a incluir no próximo Orçamento do Estado. No capítulo da retenção da despesas, já não vou ao ponto de obrigar os ministros a irem de bicicleta para o seus lugares de trabalho, mas se fosse isso também não escandalizaria.
Seja como for, o que deverá figurar nas primeiras linhas das medidas a tomar situam-se nestes pontos que passo a referir:
1 - O desemprego está a conseguir atingir uma tal percentagem da população que parece querer bater todos os recordes mundiais. Há que ter essa preocupação no cimo das medidas a tromar.
2 - A administração pública mantém-se por reorganizar, não obstante, em diversas ocasiões, se terem proposto alguns figuras a pôr em ordem o que dá mostras de uma total rebaldaria, mudando-se de nomes de várias instituições e ministérios só por uma questão de gosto dos titulares das referidas pastas, mas sem que nada de ordem seja levado em consideração. Podemos continuar assim?
3 – A corrupção, que se instalou com armas e bagagens em tudo que permite obter ganhos por meios ilícitos e através do uso de influências, não foi até agora combatida com a força e a honestidade que teria de fazer parte de todas as instâncias superiores, com partida sobretudo dos pelouros dos ministros. Suporta-se esta situação?
4 – O défice nas contas públicas mantém-se e até aumenta diariamente, não se conseguindo colocar um travão em tudo que são gastos supérfluos e, obviamente, fazendo subir as receitas do Estado, sempre com a maior atenção para que os cidadãos não tenham de atravessar necessidades de toda a ordem. E aí, por muito que custasse fazê-lo, havia que meter a mão, em primeiro lugar, nos rendimentos dos que vivem com farturas excessivas. Alguns passos foram dados por estes dias. Só agora! Mas ficou muito por fazer. Há ainda quem receba salários, ajudas de custo, transportes e gasolinas, pagamentos d telefones e tantas coisas do genros e que foram atingidos agora por algumas deduções, mas isso não basta. Passar de 5.000 euros por mês para 3.500 é deixar os beneficiados muitos mau? E os que ganham, a maioria, 200 a 300?
5 – Dado que o problema principal português reside na falta de produção e na pequenez do sector empresarial que se dedica à exportação, o fulcral é promover junto dos nacionais que já possuem indústrias mas necessitam apoios – sobretudo abrir portas e ajudas para serem fabricados produtos que tenham mercado no estrangeiro -, ajudas essas que o Instituto que existe há anos e se encontra espalhado pelo mundo com esse objectivo terá de concretizar, prestando contas pelos gastos que lhe cabem e pelos maus resultados que se obtêm. Há que exigir de Basílio Horta, sem ocultação do inquérito, que coisa está a fazer o Instituto a que ele preside e cuja actuação é precisamente a de trazer para Portugal empresas, investimentos e de promover lá fora o que cá se fabrica.
6 – Uma chamada de atenção, em Conselho de Ministros, das obrigações que cabem a cada um dos membros, exigindo-se-lhes que apresentem soluções para, na sua área de trabalho, modifiquem o que se encontre a necessitar de mudanças, sempre com a maior atenção aos gastos que têm de ser evitados. E se o Chefe do Governo marcar um prazo para que se verifique uma boa actuação dos seus parceiros no Executivo, acompanhando os casos e discutindo, no seio da família ministerial, os meios que são indicados por cada um ou que surjam mesmo do exterior, pelo que se impõe que seja pedido aos portugueses que se dirijam a um organismo que ficará aberto a colher propostas e que lhes dê andamento para os diferentes pelouros com controlo dos chefes para que não fiquem armazenados nas gavetas, dando resposta à situações que se situarem no campo da fantasias – porque muitas aparecerão nessas circunstâncias -, se se verificar que os governantes prestam atenção aos cidadãos, por certo que renascerá um espírito de colaboração por parte dos portugueses que, por sua vez, também assim suportarão melhor os sacrifícios que lhes foram pedidos.
Poderá parecer uma fantasia o que aqui deixo escrito, mas que se trata de uma proposta que, no mínimo, faria renascer alguma esperança neste povo tão desmotivado, sobre isso mantenho alguma confiança sobre o resultado positivo que seria conseguido.
Será assim tão difícil sentarem-se os responsáveis, mesmo adversários políticos, à mesa da concórdia e. engolindo sapos vivos uns, e agradados outros com as soluções possíveis, apertarem as mãos e deixarem para outra situação mais apropriada as discussões que estão a sustentar numa altura tão perigosa para a subsistência de Portugal.

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