terça-feira, 19 de outubro de 2010

PERGUNTA SEM RESPOSTA


POR MAIS que eu queira por de parte o tema dos submarinos que foram encomendados (e um já chegou) no período em que Paulo Portas desempenhou o cargo de ministro da Defesa – quem diria que esta personagem era a mais indicada para exercer tais funções -, não consigo deixar de me interrogar e de estranhar que ninguém situado, quer no Governo quer no lugar das oposições, levantem tal questão: trata-se de inquirir se o contrato que foi efectuado e que permitiu encomendar aqueles meios marítimos militares não abarcava, como foi largamente divulgado na época, a possibilidade do seu pagamento ser executado contra a contrapartida da compra, em valor igual, de produtos de origem portuguesa, o que, sendo assim, poderia justificar tamanho dispêndio de um elemento militar que deveria perfeitamente ser dispensado (por muito que os homens da Marinha afirmem o contrario, mas o seu ponto de vista não se coaduna com os interesses económicos e financeiros do nosso Pais) e até em sua substituição seria talvez mais apropriada e sobretudo muito mais barata se se adquirissem barcos de grande rapidez para controlar e impedir que a nossa costa fique tanto a mercê da entrada de estupefacientes, como acontece e só parte é apanhada, ponho, pois, essa questão: o tal contrato de compra foi ou não feito? E se sim, as suas cláusulas não deixam dúvidas quanto a não ser exigido que Portugal se endivide ainda mais? Se não foi isso que ocorreu, a quem pertence a responsabilidade por ter deixado o nosso Pais numa situação de dívida de grande dimensão (mil milhões de euros) que, já este ano, tem de ser enfrentada?
Então, apresentando o Orçamento do Estado uma tão feroz obrigação de exigir dos portugueses um sacrifício que os obrigam a exceder a sua capacidade de apertar o cinto, não seria de aguardar que o Governo não fizesse silêncio sobre uma situação que levanta tantas dúvidas aos cidadãos?
É esta a questão, como existem muitas outras que passam as malhas do apuramento das verdades, que impõe que o seu causador seja sujeito ao castigo adequado. Pois tratou-se, no mínimo, de um acto de absoluta incompetência e não faz o menor sentido que ainda se pavoneie por ai, com o ar de quem é um indiscutível ser que merece todas as honras, quem, uma ou mais personalidades – há que apurar com absoluta independência – tem se ser apontado como autor ou autores de tamanho disparate.
O que, porém, talvez explique o motivo por que ninguém levanta o problema no que se refere a encontrar o ou os culpados é que, na altura da decisão de compra, vários intervenientes terão contribuído para ela tomar corpo. E os intervenientes pertencerão provavelmente a vários grupos partidários. Só pode ser por isso!

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