terça-feira, 26 de outubro de 2010

BRINQUEMOS TODOS!


JÁ É CONHECIDO o prejuízo que a França tem com a greve que se implantou nesse País, calculando-se entre 200 e 400 milhões de euros por dia a paralisação de grande número de trabalhadores que se mostram contrários à política de Sarkosy e, sobretudo, revoltando-se contra a determinação do seu Governo de passar dos 60 para os 62 anos a idade estabelecida para a reforma. Já me referi a este assunto, apenas por comparação com o que se passa em Portugal, em que os 65 anos que cá estão em vigor parecem carregar excessivamente o erário público e que, provavelmente, correm o risco de, com as medidas de austeridade que estão a ser implantadas e aquelas que poderão chegar em breve, também poderão sofrer uma subida de tal prazo.
Mas, no que diz respeito ao que a França entende quanto às medidas que vai adoptar, esse assunto não tem que caber neste blogue, pois, para além de se tratar de um problema interno dos gauleses, não temos conhecimento concreto da situação financeira desse País que, por sinal, já foi uma referência para nós, portugueses, e até a sua língua constituiu uma disciplina obrigatória dos cursos secundários, mas hoje só os mais antigos continuam a estar familiarizados com a fala e a gramática francesas, pois que o socratismo entendeu colocar a língua inglesa como prioridade. Não será errado, mas é lastimável que o francês, idioma de origem latina, tenha deixado de ser da intimidade dos estudantes lusitanos.
Mas o que me leva a tratar deste tema é, sobretudo, o custo avassalador das greves que têm ocorrido para lá dos Pirinéus, e esses milhões de euros que a economia francesa suporta com essas paralisações deveriam fazer pensar os sindicatos que, por cá, andam a preparar uma paragem geral no próximo dia 24 de Novembro.
É evidente que a Democracia dá o direito de serem utilizados estes meios para reivindicar situações que a governação decide tomar e contra isso não existem meios legais que possam impedir as massas populares de se manifestar publicamente, dando mostras do seu desagrado em relação ao que os que são considerados como sendo os que “mandam” entendem fazer cumprir.
No entanto, dado que andamos há um certo tempo com a preocupação de ver o próximo Orçamento do Estado “passar” no Parlamento, apesar de ser bastante generalizada a opinião de que se trata de um documento, com a marca Sócrates e a submissão de Teixeira dos Santos, que mereceria ser “chumbado” mas que, devido às condições tão periclitantes do nosso País se aguentar mais algum tempo, há que ter o maior bom senso por forma a que os credores estrangeiros não encerrem hermeticamente as portas dos empréstimos e subam radicalmente ainda mais os juros que nos são cobrados.
E é apenas por esse motivo e também, evidentemente, pelo custo que os dinheiros públicos têm de suportar, para além da paragem interrupção de vários sectores produtivos, isto numa Terra onde a produção é dramaticamente baixa, que se tem de esperar que a CGTP e os seus acompanhantes reflictam no que pode sair dessa demonstração de poder dos trabalhadores. E, de igual forma, a pergunta que se pode fazer é se, depois das bandeiras e das frases revolucionárias que sempre dão mostradas, alguma coisa mudará no panorama governativo nacional.
Mas, tal como o primeiro-ministro nunca dá o braço a torcer, também os cabecilhas dos movimentos sindicais querem mostrar que a sua força tem de ser respeitada, ainda que nada saia de positivo nem de um lado nem do outro.
E hoje que, segundo foi anunciado estranhamente por Marcello Rebelo de Sousa, no seu programa de comentários, que Cavaco Silva iria anunciar a sua recandidatura à Presidência, se tal de concretizar logo, pelas 20 horas – tudo bem esclarecido -, então estarão criadas as condições para que o Orçamento acabe por ser aceite, por uma abstenção do PSD, na altura em que tal se realizar. Andamos, pois, a navegar neste barco de papel, em que não se vislumbra quem tenha um comportamento que dê o mínimo de segurança aos pobres cidadãos que são os passageiros nesta viagem de incertezas.
Brinquemos, portanto, todos ao “poder”! Dêem um certo consolo ao ego esses que, apesar da crise, sempre lá vão vivendo menos-mal. O pior é que Portugal perde com tudo isso e não parece que todos nós, portugueses, consigamos mudar de agulha e passarmos a produzir muito e a conseguir, com trabalho e não com greves de uns e cantilenas de outros, que as exportações compensem alguma coisa o que gastamos com o que importamos. E os juros, meus senhores, é disso que é forçoso libertarmo-nos!...

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