quinta-feira, 12 de agosto de 2010

MALVADEZES



NÃO POSSO deixar de interromper os textos submetidos ao título da obra que tenho para publicar, “Desencanto por Enquanto”, perante a devastação que está a ocorrer no nosso País com os fogos que se sucedem de Norte a Sul, mas com preponderância nas zonas onde, já noutras alturas, se verificaram os casos criminosos de atear incêndios nas áreas onde as chamas melhor pegam por haver material de combustão que, sobretudo com o calor que tem invadido o nosso País, tem constituído um espectáculo verdadeiramente desolador.
Já nem faço a pergunta sobre o provável prazer que sentem os incendiários quando provocam tamanhas calamidades, provavelmente nos locais perto de onde habitam. É um mistério a que talvez a Justiça, se ela funcionasse por cá, talvez pudesse dar resposta. Já afirmei neste meu blogue, noutra ocasião, que, para mim, ainda que com resultados bem diferentes e com prejuízos não comparáveis, tão maldosos são os que pegam fogo nas zonas rurais como os que, mais nas cidades, praticam as maldades de sujar as paredes e as obras de arte com as tintas que adquirem para o efeito. É um paralelo que não tem fulcral semelhança, mas eu considero que quem é capaz de assumir uma coisa tem estofo para fazer a outra.
Mas, no caso dos incêndios, já não bastava a situação calamitosa que atravessa Portugal, com os efeitos da crise, da governação que tem tido e do deixa andar que é característico deste povo, para se acrescentarem ainda os efeitos dos fogos postos que, dia a dia, surgem e que os bombeiros, valiosos homens que bem merecem as honras que por cá se distribuem a gente que nada mostra de valioso e de merecedor de destaque – e isto também serve aos Presidentes da República, o actual e os anteriores mais próximos, que, em datas festivas, colocam medalhas por tudo e por nada -, têm dado a mostra de que se empregam a fundo e que, se não correm melhor as coisas não é a eles que se aplicam as culpas.
E a mim, que sempre procuro encontrar respostas para as minhas dúvidas, o que mais me espanta é que, enquanto no nosso País este Verão tem sido marcado por um excesso de calor que até dá ideia de se tratar de um castigo que está a ser aplicado a quem não tem dado mostras de ser cumpridor das regras essenciais dos seres humanos, noutras zonas do mundo o que se verifica é o contrário, ou seja o excesso de chuva e de mau tempo, com mortes e destruições que são mostradas pelos meios televisivos que cá chegam.
Quer dizer, enquanto uns sofrem com o excesso de quentura, noutras zonas a demasia é de frio e de chuva. A mim isto impressiona-me e faz-me pensar nos motivos que levam a que forças superiores, se elas existirem, actuem desta maneira.
Mas, se não se justificar este pensamento e bastando-nos aceitar o que ocorre sem procurar fazer-se uma espécie de acto contrição, então que seja eu que me detenho nesta dúvida e que, sem obter resposta, me fique apenas pela lástima dos acontecimentos que ocorrem neste nosso Mundo.
Não será necessário afirmar que não sou partidário da justiça popular, mas as regras gerais têm sempre excepções. No caso dos incêndios postos e das sujidades com as borradas que fazem alguns até nos próprios monumentos públicos, sou capaz de me inclinar para uma punição feita pelos povos habitantes nos locais onde as malvadezes têm lugar, não deixando vontade a que outros venham depois fazer o mesmo. Uma boa sova dada a calhar será remédio justo e a tempo.

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