terça-feira, 24 de agosto de 2010

LÁ MUITO AO LONGE


SOU FORÇADO a interromper o período de descanso em relação à análise da situação política nacional, porque, por mais afastado que eu deseje estar em relação ao espectáculo degradante que nos oferece o panorama que nos é oferecido pelos profissionais dessa actividade que, digam lá o que disserem, constitui o modo de vida, aliás bastante abastada, de um elevado número de fulanos que se movimentam no ambiente em que se enfiaram e que lhes tem servido para satisfazer as suas ambições, repito, por muito que procure voltar as costas a tanta “sacanice”, lá chega o momento em que não resisto a surgir a público, neste meu blogue, pelo menos para desabafar o que vou acumulando no meu interior e que, se não o deixar sair, me faz correr o risco de explodir perante tantos e tão graves maus comportamentos que nos são dados observar por essas tais figuras que vivem à custa da chamada política.
Surjo agora porque isto dos tais políticos entenderem que as suas funções para bem do País é dedicarem-se a responder uns aos outros, maltratando-se mutuamente, utilizando expressões e utensílios de ataque verbal que se situam nas áreas das ofensas consecutivas, tal comportamento que é seguido, senão por todos é-o, pelo menos, pela maioria esmagadora desses participantes, o que constitui motivo para que as populações se afastem cada vez mais das linhas programáticas que deveriam figurar no topo de todas as causas. É certo que, nas manifestações partidárias que cada um dos grupos organiza, aqui e ali, um número elevado de participantes, empunhando bandeiras e gritando e repetindo frase já velhas de apoio, dão ideia de que, afinal, sempre existe muita gente que se coloca inteiramente ao lado de tais formações ideológicas, mas, se analisarmos o País por inteiro, o que ocorre na cabeça dos portugueses que, na maioria esmagadora dos casos, nem têm ideia do que o que cada partido pode e deve fazer, talvez possamos concluir que os poucos milhares de pessoas que, na maioria dos casos, são transportadas para um passeio com refeição oferecidos, concluiremos que esses sinais de apoio não passam de interesseiras presenças.
Mas, voltemos ao assunto que me levou a escrever hoje este texto: os dois partidos que mais se empenham em ocupar a plataforma governamental – que eu nem sei bem porquê, pois que a situação actual do País não é convidativa a assumir tamanha responsabilidade -, o PS e o PSD ocupam todo o seu tempo a denegrir a imagem do que se lhe opõe, o que, sob o ponto de vista democrático, significa uma autêntica demonstração de que, em ambas as partes, o espírito que se situa por detrás é o da ditadura pura e simples, pois que o não saber aceitar os pontos de vista que os outros defendem sem soltar logo com a maior agressividade que atinge a área das ofensas, isso é bem a prova de que ainda se encontra muito distante a prática natural dos princípios da Democracia, ou seja, embora cada um tenha os seus pontos de vista ideológicos, não é o permanecerem sempre de unhas afiadas para arranhar os adversários que faz com que se encontrem soluções para os problemas. Sobretudo numa altura destas em que não é com desavenças e provocações insultuosas que se consegue encontrar um caminho para tentarmos colocar Portugal salvo da catástrofe que está à vista.
Pretender, à viva força, vir a ocupar o lugar preponderante de um Governo não dá o direito de cada parte utilizar todos os meios para regatear o que pretendem, tanto mais que já se sabe que, após umas eleições e sendo um dos partidos o vencedor, o tempo que irá ser ocupado é o de acusar o perdedor de mau serviço prestado e de lástima pelas dificuldades em solucionar os problemas “são deixados pelo anterior ocupante do Executivo”. Somos peritos em criticar o passado, mas incapazes de resolver o futuro.
É sempre a mesma coisa. Quem toma posse é que é sapiente. Quem sai é o “burro”, com perdão para os tão simpáticos animais!...
O mal é que, nem daqui a cinquenta anos teremos políticos que consigam entender que é bom ouvir as opiniões mesmo dos adversários. Porque isso das Democracia é coisa que não se implanta por decreto e enquanto não for levada em consideração a opinião que já deixei aqui expressa por mais de uma vez, de que é urgente que, nos primeiros passos da educação escolar da nossa juventude, se inclua uma disciplina que, infelizmente, na vida familiar também não se pratica, a da prática democrática, a de saber ouvir e de respeitar as opiniões dos outros, mesmo que não coincidam com as nossas, enquanto tal não acontecer marcaremos passo neste nosso convencimento de que somos nós os melhores e os outros uns ignorantes.
Se, daqui a mais de cinquenta anos, este nosso País ainda der sinais de vitalidade, quem cá estiver e se lembrar do que tenho escrito, confirmará que a razão antes de tempo afinal sempre existe.

Sem comentários: