quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!...


TER ILUSÕES é ter uma espécie de esperanças. É sonhar com certa coisa de bom que se deseja ardentemente. É contar com o que virá no futuro. Porque ninguém aspira um amanhã desagradável. Não é normal que alguém ande iludido com um porvir que não corresponda ao que se aspira. Ter ilusões de que se consegue obter o amor de alguém, de que uma nova actividade desejada surgirá, de que a doença que nos atormenta ficará curada, no fundo, a ilusão é algo que transmite força para suportar os maus momentos.
Há, no entanto, que refrear as ilusões em excesso. Se são muitas, provocam cansaço. Sobretudo, pela espera que esses desejos inevitavelmente provocam. Chegar à conclusão que foi inútil manter uma ilusão, por vezes durante muito tempo, e de que o que aspirava não se realizou, é pior do que do que nunca se ter iludido. A mágoa de ter tido ilusões que se foram, que se perderam, é maior do que não conseguir iludir-se, de ser um conformado com a má sorte que não arreda pé.
Mas, percorrer uma vida sempre iludido, a pensar que tudo se resolve a contento, que o mal não quer nada connosco, podendo ser uma forma de abraçar à força a felicidade é, isso sim, viver em equívoco, andar enganado consigo mesmo e com o mundo que o rodeia.
Eu, por mim, já tive ilusões. Foram ficando pelo caminho. Também não estiveram presentes na minha vida de uma forma permanente. Tive dias. Dependeram das ocasiões. Acabaram por se desvanecer. Uma a uma. Chego agora à conclusão de que talvez me tenha iludido demais. Aspirei o impossível.
Se estou a escrever, como agora, e se não sustento a ilusão de que, numa dada altura, alguém lerá o texto que me sai da caneta, não vale a pena esforçar-me. Fico-me onde estou. Logo, neste caso, a ilusão é uma força. É útil mantê-la, para prosseguir na escrita. Se não admito que me pode sair a lotaria, não vale a pena comprar jogo. Quem perde é a Santa Casa. Se abdico da confiança de que um determinado remédio me pode fazer bem, ponho-o de parte.
Por isso, defendo o princípio de que, em certas ocasiões, é útil alimentar as ilusões. Só que devem ser controladas. Racionais. E não se devem manter durante muito tempo. Nem serem sempre as mesmas. Isso cansa. E quem espera… desespera!

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