quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!...


ASSISTO, com frequência, a pessoas que, a falar, acompanham a entoação da voz com gestos largos, movimentos de mãos, mexidas do corpo nas cadeiras e arreganhos de cara. Na televisão, então, é corrente assistir-se a esses bailados que pretendem dar forma às palavras que vão sendo ditas.
Daqui para ali, de um lado para o outro, desta forma ou daquela, de alto a baixo, são tudo frases que justificam, com alguma razão, o complemento do gesto. Mas utilizar expressões mímicas quando o que se está a dizer, pela sua simplicidade, não necessita de complementos gestuais, parece ser um excesso que só é usado por quem pretende dar nas vistas.
É verdade que os latinos, de uma forma geral, são bastante mais expressivos nas suas conversações do que os anglo-saxónicos, por exemplo. Logo, a origem dos conversadores tem influência na forma de comunicarem. Mas, mesmo assim, no seio das nações latinizadas, nem todos utilizam a expressão corporal para transmitirem o que têm para dizer.
Nunca perguntei a qualquer desses actores em potência, o motivo de não manterem uma compostura serena quando se encontram a “vender o seu peixe”. Naturalmente, perante este tipo de inquérito, os protagonistas ofender-se-ão, por estarem convictos de que não praticam tal exagero.
Conhecendo eu, da televisão, um ou outro destes gesticuladores, tenho para mim que haverá uma dupla explicação para tamanho exagero na movimentação manual e corporal. A de pretenderem mostrar-se mais aos telespectadores, com alguma ponta de vaidade acrescida; e a de considerarem que não serão suficientemente explícitos só com a palavra, pelo que recorrem a oscilações de braços, mãos e até do corpo, convencidos que ficarão de que, dessa forma, até os menos esclarecidos compreendem o que se lhes quer dizer.
Seja como for, quem actua rigorosamente às avessas, ou seja, aqueles que falam com voz monótona, mantêm as mãos sem movimento seja qual for o tema que estejam a tratar, que não despegam os olhos de um ponto fixo e não dão mostras da mais pequena reacção facial, esses, o menos que se lhes pode chamar é de serem uns chatos. Não estimula manter uma conversa com tais múmias.
Quer dizer: nem oito, nem oitenta. Tudo deve ter conta, peso e medida.

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