quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!...


Por vezes, as estatísticas deixam-nos ficar desconcertados. Pode-se já ter uma ideia aproximada das situações, mas quando os números indiscutíveis surgem a lume, nessa altura caímos na realidade nua e crua e perguntamo-nos como foi possível ter-se chegado a tamanho extremo.
Isto vem a propósito de ter sido divulgada uma notícia de que o número de funcionários que trabalham para o Estado em Portugal atinge os cerca de 730 mil, o que equivale a dizer que se dispõe de um funcionário para cada 17 cidadãos do nosso País.
Ao comparar-se este ratio com situações idênticas na Europa – porque é sempre essa a equivalência que vale a pena fazer-se, dado que, também em tudo que se refere ao que ocorre no nosso País, pretendemos sempre colocar nos mesmo pratos da balança os valores de cada um dos parceiros que se encontram no barco europeu -, chegamos à conclusão de que nos encontramos, neste particular, também em posição deficitária. A Espanha, por exemplo, e dado que se encontra aqui ao nosso lado, conta com um funcionário estatal por cada grupo de 34 habitantes e a Alemanha fica-se pelos 28.
O confronto verbal que se tem mantido, entre sindicatos e organização estatal, em que os primeiros defendem que não há em Portugal excesso de trabalhadores a serem suportados pelo erário público, esse só terá fim quando um governo do nosso País passar das intenções para a realização do que se torna urgente e obrigatório fazer, que é a tal prometida estruturação de todos os serviços públicos que se encontram espalhados e que ocupam diferentes locais, uns de propriedade oficial e outros por aluguer de andares e até de edifícios completos, tudo situado em zonas distintas.
Enquanto não houver aquilo que em Madrid é uma realidade há um ror de anos, que é o chamado “Barrio de los Ministérios”, juntando numa só zona tudo que se refere a repartições do Estado e, anulando a anomalia de repetição de serviços com todos os custos que tal abarca (como seja o da duplicação e até triplicação de viaturas ao serviço de directores excessivos), enquanto isso não for cá feito não haverá forma de apurar, com absoluta certeza, se a prestação de serviços públicos é feita com o número exacto de funcionários e se a eficiência de actuação depende, na realidade, da falta de gente ou se não será por excesso de burocracia.
O sector jurídico aí está para tentar mostrar se o mau funcionamento dos tribunais se deve a falta de servidores nessa área ou a demasia de empecilhos criados pelos serviços e seus servidores.
Mantemo-nos e provavelmente seguirmos nessa via de não sermos capazes de enfrentar os problemas de frente é uma coisa.
Entretanto, nós, os que estamos vivos mas já pertencemos à craveira dos que não estarão por cá muito tempo para podermos apreciar as mudanças que são inevitáveis, não podemos fazer outra coisa que não seja ter esperança de que a rapaziada de agora e crescida dentro de alguns anos venha a ter a preocupação inevitável de reduzir gastos com os dinheiros públicos e, pelo contrário, investindo na melhoria do aparelho do Estado.
Entretanto, tem-se vindo a assistir a greves periódicas que uns tantos profissionais da manipulação de massas levam avante, para tentar conseguir um aumento de salários, isto é, o acréscimo de gastos de verbas públicas, extraindo-as de um saco que está bastante diminuído.
Vá lá ser-se prior de uma freguesia destas!...

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