quinta-feira, 22 de julho de 2010

SÓ EU

Cada um tem o seu eu
aquele que é só seu
claro que tenho o meu
fui vendo como cresceu
sempre que olhava p’ro céu
me lembrava de Orpheu
sentindo-me como réu
qu’ainda não respondeu

Eu que sou um plebeu
e nem isso mereceu
não irei p’ra mausoléu
quando disserem: morreu!
Aquele que se esqueceu
do que lhe aconteceu
na vida que percorreu
nem mesmo ensandeceu

Até teve o que mereceu
com isso reacendeu
a chama a quem jazeu
o folgo que antes perdeu
e a mim me convenceu
tudo que me sucedeu
e que fez com que o meu eu
deixasse de ser só meu

E foi o que me valeu
a vida m’entristeceu
o espectáculo que me deu
em que não me protegeu
pois nunca reconheceu
o que de mim discorreu
ou seja de nada valeu
tudo o que de mim nasceu

Por isso s’emurcheceu
a veia que em mim viveu

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