quarta-feira, 14 de julho de 2010

HAVERÁ TEMPO!...


NESTA ALTURA em que o que anda a interessar os portugueses são os dias de praia, as férias, o não ocupar a cabeça com os problemas que, ainda que sejam cada vez maiores, todos fazem os possíveis para assobiar para o lado e, como toda a gente deve a alguém e alguma coisa, já não constitui preocupação excessiva que também esse assunto nos toque, a impressão que tenho é que cada vez menos pessoas se interessam em ler desgraças e muito menos em blogues que não constituem uma obrigação de serem analisados. Ando há uns dias a avisar que vou dar por finda ~ ou, no mínimo, vou dar uma folga – a este chorrilho de choradeiras. Mas hoje, não me fico pela ignorância dos acontecimentos. Não consigo deixar de me indignar. Por isso, cá vai e em resumo resumido:
- O Governo comprou 922 automóveis novos, tendo abatido 1,772 veículos que não considerou já suficientemente válidos para servir os múltiplos funcionários públicos das diferentes categorias por a maioria deles terem mais de sete anos de uso (imagine-se, o meu tem oito e a maioria dos portugueses desloca-se em carros com 20 e mais anos!), o que correspondeu, neste época de grande crise, a um dispêndio de bastantes milhões de euros. Segundo números prestados pela Parque de Veículos do Estado, em 31 de Dezembro passado o número total de automóveis que ali constavam era de 28.793, o que correspondia a um aumento de 1.222 em relação ao ano anterior.
Quando o Governo decidiu substituir cada três funcionários públicos por um que fosse admitido, o natural seria que procedesse da mesma forma em relação aos veículos de quatro rodas. Mas isso seria pedir demasiado aos senhores que, mesmo dando mostras de querer participar muito em corridas de competição, até quando se deslocam ao estrangeiro, numa atitude, no mínimo, ridícula, no capítulo do andar de rabinho tremido, nisso é que não abdicam das comodidades e, obviamente, tendo de ser em fofuras de último modelo.
- Outro tema fresquinho é o de terem sido tornadas públicas as faltas dos deputados ao Parlamento que, nalguns casos, mereciam mesmo a expulsão do cargo que mal exercem. Mais de 20 sessões plenárias há algumas, e os maus exemplos vêm de cima. Paulo Portas, um deles, já não compareceu dez vezes, mas nomes como José Luís Arnaut e outros constam da lista de esquecidos de que a funções de deputado constitui uma responsabilidade que não permite desculpas.
- Também de passagem, porque estas coisas que se referem a actos nada apetecíveis que ocorrem à sombra da Igreja Católica, nos tempos que passam hoje e em que o ser humano se mostra cada vez menos recomendável, não constituem os exemplos que muitos esperam colher de uma zona que tanto recomenda, no mínimo bondade, para não falar em santidade., aqui deixo o que não nos ajuda a suportar pacientemente o comportamento do ser humano. Um dos factos anunciados é o do mau tratamento que está a ser dado aos cães nas traseiras do Santuário de Fátima, onde apareceram esses pobres animais em estado deplorável, por causa, disse-se, de alguém que pertence àquela Igreja e que não dá mostras de amor aos bichos. E, a outra notícia que também não constitui um exemplo, é sobre o Vaticano estar a funcionar como ”offshore”, isto é de ponto de depósito de fortunas que fogem aos impostos do fisco. Com a designação de Vaticano, S.A., em que figuras de proa daquela Instituição religiosa efectuam operações financeiras tidas como arrojadas, incluindo lavagem de dinheiros e outras acções pouco recomendáveis para quem não deve “sujar” as mãos em bens monetários.
- Quando as afirmações que se ouvem de responsáveis, incluindo o Presidente da República, são de que é preciso aumentar as exportações, como se tivéssemos os armazéns repletos de produção nacional e o que faltasse era encontrar compradores estrangeiros, perante discursos completamente vazios de conteúdo e que não têm a menor utilidade, posto que o que se torna forçoso é começar pelo princípio, isto é, criarmos condições, facilitismos, ausências de burocracia, aberturas a iniciativas industriais vinda de fora, ofertas de espaço no nosso País para que capitais estranhos aqui cheguem para montar as suas fábricas e usar a nossa mão de obra, ao escutarmos gente que devia ter consciência do que diz e não usar apenas o palavreado para mostrar que são capazes, não podemos fazer outra coisa que não seja restarmos perplexos. E revoltados por que a nós não nos cabe tomar as iniciativas úteis que são fundamentais para poder fazer Portugal encontrar uma saída.
- Por último, dado que o País está numa situação económica insustentável – coisa que eu ando a escrever há imenso tempo -, afirmação que se ouve agora a todo o momento e que os comentadores de televisão e de jornais já não escondem, numa descoberta que só neste momento fazem, entendo que a minha vez de alertar o País se encontra ultrapassada. Repito o que sempre digo: ter razão antes de tempo tem pouca utilidade, sobretudo se não se dispõe do poder bastante para interferir na solução. Aproxima-se a hora de pagar as contas. Os que fizeram os gastos desnecessários não se dispõem a andar a pé ou de eléctrico e por isso compraram mais automóveis. E quando as coisas piorarem ainda mais, saem de cena e encafuam-se em lugares que os mantêm ainda com boa vida. Os de baixo, as multidões, os que se arrastam e já andam a remexer nos caixotes, que são uns agora mas serão mais dentro em breve, esses aguentam como podem. Até ver.
Não vou mais longe, por agora.
E, a partir de amanhã, vou ensaiar incluir neste meu blogue diário, trechos da minha obra intitulada “DESENCANTO POR ENQUANTO”, não só para dar uma ideia do que está por editar, ma também para desanuviar um pouco este espaço.Oxalá seja boa ideia

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