sábado, 24 de julho de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!


É dos comportamentos mais difíceis de manter no dia-a-dia do ser humano. A compreensão das atitudes dos outros, o respeito pela maneira como cada um reage aos problemas que se lhe apresentam, o tentarmo-nos pôr no lugar dos parceiros para tomarmos consciência do papel que cada um desempenha perante uma situação concreta, essa é a tolerância que, com grande frequência, se constata que falta ao Homem, seja qual for a posição social que ocupe no panorama em que está inserido.
E, sem ser por acaso, quanto mais alta é a craveira em que o Homem se movimenta, mais destacada é a demonstração de intolerância de que dá mostras ao mundo que o rodeia.
Os políticos, por certo nos regimes democráticos – porque nos outros nem será necessário referir – são os que mais se sobressaem na escala da não-aceitação das posições dos outros seus adversários, pois o papel que representam nas sociedades obrigam-nos a contemplar esses como sendo uns sem razão, uns inimigos que é preciso abater. Aí, a tolerância não tem lugar e nem se verifica qualquer esforço em se posicionarem do outro lado da barreira.
No fundo, a luta do Homem por lugares e posições que lhe possibilitam regalias e benesses, essa ambição, sobrenatural quando é desmedida, se entra no campo do “custe o que custar” não permite que seja efectuada uma paragem para reflectir, para serem encontradas formas de entendimento resultantes da compreensão mútua dos seus papeis.
Se a tolerância fizesse parte da relação de atitudes mais usuais, quantas indisposições seriam travadas a meio, quantas zangas não passariam de breves questiúnculas, até quantas guerras sangrentas que ocorreram pelo mundo não teriam ficado em soluções pacíficas por acordos.
A tolerância tem a ver e muito com a prática democrática. O não ter certezas absolutas, o procurar-se encontrar razões aceitáveis do lado a que nos opomos, o ser-se suficientemente humilde para reconhecer os eventuais enganos em que tenhamos caído, essa atitude de “dar a mão à palmatória” só contribui para que alinhemos na prática de não fazermos finca-pé naquilo que consideramos ser a “verdade absoluta”.
Dito tudo isto, vem-me à ideia um desabafo que alguém me largou uma vez, quando se falou acerca de outro que não tinha tido um comportamento muito recomendável. E, em forma de arrependimento, deixou registada esta frase de que não me esqueci durante largo tempo: “Pois é, eu fui tolerante com esse fulano… e bem me lixei!...”



Sem comentários: