sexta-feira, 23 de julho de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!


Levantei-me hoje com a disposição de encarar o mundo com pleno optimismo. Desejo ver tudo cor-de-rosa. E até o fala-barato do café, que diz coisas por tudo e por nada, sempre em voz gritante que amachuca os ouvidos de quem está calmamente a fazer as suas palavras cruzadas, até essa criatura me merece simpatia.
Tenho de ir ver o resultado do totoloto e, antes de me dirigir à tabacaria onde a máquina mostra o veredicto, já estou com fé de que vai ser esta semana que vou ser compensado do investimento semanal que faço desde há demasiado tempo. A empregada, simpática, que me atende, também ela tem esperança de que seja bafejado pelo prémio, porque conta com uma ajuda para mudar o carro velho que tem. E eu alimento esse desejo.
Enquanto, pois, vou mantendo este optimismo em relação à vida, procuro conservá-lo o mais que posso. Dou o benefício da dúvida aos governantes, sou compreensivo com as oposições políticas que barafustam, tantas vezes com razão, aceito que não se consiga equiparar o nosso País ao que se passa fora de portas, mas dentro do mesmo grupo europeu, quando, muitas vezes, bastava saber imitar o que já foi experimentado e resultou e não era necessário querer ser original e fazendo asneira, como desculpo todos os meus compatriotas que não entenderam ainda que um País é o retrato dos seus habitantes e que depende sobretudo da forma como se comportam para que se consiga sair do deixa andar, do conformismo, da pouca e má produtividade.
Este optimismo com que acordei hoje, por mais que eu não queira, não vai durar muito. Acabarei por ser chamado à realidade e o despertar é muito mais doloroso do que o nunca ter saído da tristeza que se sente com a realidade. Que se vive. Mas, enquanto dura…vida doçura.




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