quarta-feira, 21 de julho de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!...


Há períodos em que pensamos mais nas doenças. Porque no sentimos mais debilitados. Porque a angústia se revela mais profundamente no nosso interior. Também será porque tomamos conhecimento de que alguém conhecido entrou em crise de saúde. Julgo que grande parte dos seres humanos passa por estes períodos, ainda que alguns tomem mais consciência dessa situação do que outros.
Eu, nesta altura, encontro-me num desses momentos. Sinto-me debilitado e não aponto concretamente um mal. Se vou consultar a minha querida dra. Arlete não sei do que me posso queixar. Apetecia-me ser rico e dar entrada num desses hospitais para abastados, onde, à entrada, se deve pedir para verem tudo à lupa. Passar lá uns dias, fazer análises, investigações radiológicas de todas as espécies, deixar que os médicos de várias especialidades e com todos os avanços tecnológicos mais modernos bisbilhotem cada cantinho do meu corpo.
Caso concluíssem que não tinham encontrado nada errado no meu físico, poder eu então concluir com toda a segurança que, afinal, a doença estava no meu espírito. E, nesse caso, entregar-me completamente a uma qualquer crença, religiosa ou nem por isso, para tentar distrair as maleitas que me perseguem.
Se eu vivesse angustiado pelo pavor da morte, ainda se compreenderia que, por sugestão, eu andasse atormentado por fraquezas físicas, mas não, atingida que já está esta minha idade, estou convencido de que já preenchi o meu papel no teatro da vida e que o acto que se segue tem de ocupar outros actores. Estou completamente preparado para a cremação que me espera. Estou consciente de que as minhas cinzas caberão todas dentro de um frasco de compota. E que é isso que eu, afinal, valho…
Porque, então, ter de carregar este pesado fardo do mal-estar sem uma explicação clínica?
Para tentar consolar-me sem resposta a esta questão, agarro-me à esperança de que, uma manhã, acordarei já morto. Fica dito.



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