terça-feira, 1 de junho de 2010

TERRÍVEL DESEMPREGO


SÃO INÚMERAS e bem difíceis de vencer as dificuldades que se apresentam aos portugueses nesta fase específica que atravessamos que, de resto, se acrescentam às que vinham sendo suportadas em épocas anteriores e que, também tem de ser expressado, desde que este País existe nunca deixaram de existir, pois a nossa História é bem explícita quanto ao facto de a maioria dos cidadãos lusitanos nunca terem beneficiado de uma vida que lhes fosse facilitada.
Mas teve de nos calhar a nós, neste século XXI, o vir a sofrer as consequências de uma crise mundial e a circunstância de nos ter calhado um Governo que não foi capaz de encontrar formas de prevenir Portugal contra o pior que lhe podia suceder, mesmo tendo tipo tempo para nos poupar ao pior, já que, obviamente, da totalidade das penas isso não o iria alcançar.
Mas, tudo isto está dito. Não interessa já andar a bater sempre no mesmo tema. Não produzimos – agora e sempre -, somos inconscientes em relação às realidades que nos envolvem, não somos dados a sacrifícios e deixamos sempre para os outros o intervirem na solução dos problemas, deixamo-nos levar pelas ondas da sorte e confiamos permanentemente no “eles”, que é como quem diz, no Estado, somos trabalhadores, sim, mas só quando nos encontramos a actuar no estrangeiro, onde se sabe que os mandriões são colocados na rua, pois não existe aí o impedimento de se ser despedido por não cumprimento das obrigações de produzir muito, mas na nossa própria casa usamos todos os esquemas para ludibriar as entidades patronais, especialmente se ela se situa na função pública.
Tudo isso é mais do que conhecido e quem não gosta de tomar conhecimento das características que nos marcam, o que faz é prolongar a existência de defeitos que deveríamos ser nós próprios a tentar eliminá-los.
Mas, com tudo isto, com todo este desfilar de grandes manchas negras que ressaltam das nossas características, o verdadeiramente doloroso é que o pesadelo que nos está a perseguir e que não é conhecida medicina que tenha capacidade para sarar essa doença, tem o nome de desemprego e, de dia para dia, esse número, por muito que algumas estatísticas enganosas venham dizer o contrário, aumenta, ao ponto de nos encontramos agora com cerca de 700 mil portugueses a lutar com a falta de rendimento, logo a sofrer largamente o que se pode já apelidar de miséria, de falta de recursos para fazer frente até para comer.
Quem é que, com este espectáculo pungente, se dispõe a tomar conta do Executivo e a sofrer as consequências das manifestações ameaçadoras, das greves que, mesmo não solucionando nada antes aumentando as carências, se sucedem, na exigência de “melhores condições de trabalho”, das CGTPs todas, para, pelo menos garantir os salários dos seus dirigentes, mas sem apresentar formas de conseguir empregos para os que os desejam? Esta pergunta, embora feita, não obtém contestação. Reclamar, sim. Solucionar, isso ninguém aparece para o fazer.
O desemprego que, em consciência, se apresenta como sendo o maior problema, sobretudo num país em degradação, especialmente porque não são apresentadas perspectivas que apontem caminhar-se para o fim dessa debilidade social, essa catástrofe pode provocar as mais imprevistas alterações de ordem social e até política, com consequências que, como nos tem mostrado também a História em diferentes cenas internacionais, são muitas vezes dramáticas.
Portugal que, no capítulo das revoluções, tem-se comportado, nos seus mais de 800 anos, com um comportamento relativamente calmo, com ausência de sangue, se lhe calhar – oxalá não – deixar-se envolver por uma onda de desempregados que não suportem por mais tempo a sua situação, ninguém pode garantir que não surja uma movimentação que, nesse caso, ainda mais difícil se tornará a procura de uma mudança do panorama.
É duro escrever isto. É verdade. Mas, nós os que exprimimos as nossas opiniões, devemos andar a fingir que não é nada connosco?

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