segunda-feira, 14 de junho de 2010

O POVO OPINA


BEM GOSTARIA eu de não voltar a este tema, porque, pelo menos, seria sinal de que, com a quantidade enorme de problemas por resolver que por cá se arrastam, este já estaria no lugar que lhe compete, no arquivo dos berbicachos solucionados e, por isso, mesmo, já encontrados os seus responsáveis. Mas não é nada disso que sucede e, pelo contrário, ao cabo de demasiado tempo passado sobre o acontecimento em causa e cujas consequências dos muitos milhões que têm de ser desembolsados pelo Estado – isso lá para diante, para os que então se encontrarem na posição governamental com tal encargo -, a comunicação social volta agora, com mais evidencia do que na altura do sucedido, a rebater a questão dos célebres submarinos adquiridos a um fornecedor alemão e de que se diz existirem inúmeros interveniente, com comissões em que já ganharam saborosas fortunas, pois a negociata é, segundo se diz, de molde a ter deixado muita gente ultra bem aviada.
Mas, o que aparece agora com o ar de revelação inesperada, por via de escutas efectuadas a duas figuras conhecidas, e que aguarda que a Justiça portuguesa faça o seu trabalho – e com rapidez, se não é pedir demasiado a um sector que nos tem trazido com justificada revolta -, é que essa operação da aquisição dos tais submersíveis (tão essenciais à nossa Marinha, como ainda conseguem existir uns tantos oficiais desse sector a aplaudir a operação, afirmando que esses submarinos são essenciais à nossa frota, imagine-se!), se pode incluir num outro enigma que também pertence aos segredos das investigações que, em Portugal, não chegam nunca ao seu final: ao do caso Portucale que, como sabe quem ainda não o esqueceu, tem a ver com a autorização concedida pelo ministro do Executivo, então CDS, para serem cortados milhares de sobreiros, “embrulho” esse em que foi divulgado o nome do então tesoureiro do mesmo PP, Abel Pinheiro, que se mantém apontado como participante no problema e em que, repito, se cometeu o grande crime de destruir uma imensidão de árvores de enorme riqueza ambiental.
Pois agora, a notícia divulgada refere-se a terem sido apanhados nas escutas, tanto o agora presidente do CDS, Paulo Portas, como o mesmo interveniente apontado na Portucale, esse Abel Pinheiro, que, com a ajuda financeira prestada pelo BES ao CDS, terão prestado a sua participação em ambos os casos, por sinal os dois com estrondosas consequências de prejuízo para o nosso País.
Serão, de facto, essas figuras merecedoras da crítica dos portugueses? Podem ser indicados como culpados? Terão de ser afastadas as ideias pouco benévolas que correm nas cabeças de muitos dos nossos cidadãos, sobretudo neste período difícil que se atravessa e em que as saídas indevidas de dinheiros públicos têm de ser largamente criticadas? Se sim ou não é coisa que tem de ser dada a conhecer aos cidadãos do nosso País, com absoluta clareza e com completa justiça. Os Tribunais não podem ficar com o peso de mais esta situação, não dando mostras de actuar com clareza, rapidez e total isenção. Ninguém perdoará que a máquina judiciária não proceda de acordo com as leis e com a urgência que o caso merece. Doa a quem doer. Sejam quem forem os culpados.
Os portugueses, esses já formaram a sua opinião. Mas pode estar errada. E se assim é, tal se deve à demora em fazer funcionar os meios de que se dispõem para indicar os inocentes e culpar os que têm de pagar pelo mal feito.
É que, como sucede neste País de comportamentos estranhos, não fiquem admirados se, entretanto, não for anunciado um qualquer “site” a pretender “sacudir a água do capote” e a convencer os duvidosos de que há quem sofra com as acusações públicas que foram lançadas no ambiente populacional. E, claro, os juízes têm de passar a ser as vítimas, pois que se não querem fazer esse papel, então que se despachem e cumpram depressa e bem as suas funções!...

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