quarta-feira, 30 de junho de 2010

CONSENSO PRECISA-SE


AO ASSISTIR àqueles programas televisivos do “Prós e Contras” é que, quem não terá ainda ideia do que ocorre entre os participantes na vida política nacional, fica a ter consciência dos confrontos que têm lugar entre adversários, os quais são naturais e legítimos porque defendem pontos de vista que, muitas vezes, são antagónicos, mas que também só servem para contribuir para colocar o País numa situação ainda mais difícil do que aquela em que se encontra. E, numa altura em que se propaga que o PSD se dispõe a ajudar o seu concorrente PS na solução de alguns problemas, mesmo não fazendo parte do Governo – o que só pode ser louvável -, o mais lógico seria que, nas situações que não comprometem excessivamente os seus princípios ideológicos, ambos fizessem um esforço no sentido de encontrar soluções, quanto mais não fosse para evitar gastos desnecessários que sempre ocorrem quando os assuntos em discussão se arrastam para lá do tempo necessário.
A questão dos “scut”, por exemplo, que foi debatida na última sessão de segunda-feira na RTP, serviu perfeitamente de amostra da falta de capacidade de diálogo por parte daqueles dois grupos políticos, os tais que fizeram o referido acordo, porque se se tratassem dos restantes que se situam no posição de adversários sem tréguas, então essa posição até se entenderia com mais facilidade.
E a pergunta que há a fazer é que, se então um problema que se resume ao pagamento de portagens nas vias que, até agora, têm estado libertas desse encargo, por mais cuidados que devam existir para não se cometerem injustiças em relação às populações que possam sofrer indevidamente esta medida nova, não pode encontrar consenso rápido e correcto por forma a que todo o País não fique com a convicção, ainda mais profunda, de que os nossos políticos, aqueles que, apesar da crise que atinge a esmagadora maioria dos lusitanos não sentem tanto no bolso os efeitos perniciosos dos encargos fiscais que todos os dias aparecem, esses tais homens do poder não têm capacidade para dialogar e chegar a um acordo que está longe de constituir uma barreira intransponível como tantas outras que, essas sim, representam bicos de obras bem complicados?
Se, todos os encargos fiscais que foram agora implantados através dos dois PEC e que, segundo está no ar essa ameaça, não ficam por aqui os “castigos” que os portugueses ainda têm de suportar, pois as dívidas que o Estado tem para pagar ascendem a muitos milhares de milhões de euros que, todos os anos vão sair do Ministério das Finanças, o que quer dizer das nossas carteiras, se o aumento do IVA, o peso suplementar com o IRS, o IRC e todos os outros encargos que o Fisco cria, toda essa lista de aumento de despesas a que os cidadãos da nossa Terra não podem fugir não criam confrontos tão visíveis e de má catadura (como a que se viu no referido programa televisivo) entre os partidos e o Governo, é de estranhar que, sobretudo tratando-se de dois grupos partidários que até dão mostras de não pretenderem agredir-se, pelo menos por agora, por uma situação que tem forma de ser facilmente solucionável entre pontos de vista não coincidentes completamente, se estejam a levantar quezílias que até se baseiam em questões de formalidade – haver carta de compromissos ou estar ser tudo trinta e um de boca!...
Ora bem, perante a derrota de Portugal, ontem, no Campeonato Mundial de futebol, em que a Espanha lá nos deixou de beiço caído, este “problema” agora vai ocupar durante alguns dias o motivo de conversa da maioria dos portugueses, podendo-se deduzir tranquilamente que, se fosse feita a pergunta a muitos dos nossos concidadãos, se prefeririam ter vencido aos espanhóis em troca do pagamento das tais “scut”, a resposta seria que ganharmos com a bola é que era bom!...
Se calhar estou a meter os pés pelas mãos. Mas se assim é, também não serei o único. Ou, tanto o ministro Jorge Lacão e o deputado do PSD que intervieram no confronto da RTP, com aquele espectáculo que nos deram, não andarão também todos baralhados?

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