sábado, 1 de maio de 2010

UM SUSTO!...


QUALQUER CIDADÃO português que acompanhe minimamente o percurso da situação difícil que o nosso País atravessa é natural que se preocupe com a comparação que tem sido feita, com justeza ou não, com o que ocorre na Grécia, pois a similitude, ainda que não seja aceite por algumas personalidades de destaque, não pode deixar de criar algum temor em relação ao aumento de dificuldades que já foram anunciadas pelo poder político e acentuadas no encontro que teve lugar ente Sócrates e Passos Coelho.
Por muito que o próprio ministro das Finanças tenha procurado, em diversas ocasiões, aliviar o ambiente, anunciando que o paralelismo é descabido, essa atitude não é, como se sabe, muito acatada, sobretudo porque os avisos que surgem de fora apontam para uma outra eventualidade, o que não retira o desassossego que mina nos espíritos dos cidadãos nacionais.
Não só por isso mas também por isso, não se compreendem as notícias tão divulgadas quanto às remunerações afrontosas de todos os tipos que têm sido aplicadas e autorizadas a elementos relacionados com empresas com intervenção do Estado, quer nas áreas das gestões (que foi divulgado já terem custado, as 17 empresas cotadas no PSI-20, 76 milhões de euros quer nas situações de administradores não executivos, que chegam a receber 7.400 euros por reunião, perante valores deste calibre não é possível pôr de parte a eventualidade de Portugal atingir, dentro de algum tempo, uma posição parecida com a que ocorreu com a Grécia e que se afirma ter sido motivada por uma má actuação do seu Governo, que não foi capaz de actuar com rigidez nos abusos que também ocorreram por lá e que os media têm divulgado. É de notar que, por parte de Sócrates, este tema nunca foi abordado com a clareza que e impõe.
Volto à preocupação que não é escondida pela população de uma forma geral, pois nesta altura a sua reacção é apenas de crítica, de indignação e de protesto velado entre amigos e familiares. Mas, o que é difícil imaginar, é o que poderá ocorrer na altura em que for declarada oficialmente a insustentabilidade financeira do País, face aos compromissos assumidos… se isso vier a suceder.
E a pergunta a fazer é se, nessa circunstância, será chamado à responsabilidade o culpado maior ou o conjunto de individualidades que terão contribuído para se ter chegado a tão grave ponto. Se, como é habitual entre nós em que a culpa morre sempre solteira, ninguém for considerado autor do descalabro, então, os que se aproveitaram dos momentos passados e aumentaram substancialmente os seus pecúlios passarão a actuar numa outra área e, isso é mais do que provável, continuarão a usufruir de benesses que as condições e as redes criadas lhes facilitarão.
Claro que uma das vias que poderá ser encontrada para deixar clara a situação, talvez venha a ser através da criação de uma Comissão de Inquérito, à semelhança da que está a actuar presentemente e é extraída da Assembleia da Republica (mas que seja eficiente e formada por gente capaz), que possa vir a demonstrar uma resposta clara e precisa, bem diferente daquilo que se tem observado na nos é dado observar através da televisão e que prova que, em grande percentagem, do Parlamento fazem parte bastantes indivíduos completamente incapazes de levar a cabo uma acção que, podendo ter a sua utilidade, acaba por não resultar minimamente.
Basta, porém, de fazer-se mais qualquer referência à Comissão de Inquérito que tem andado a entreter-se com perguntas de tamanho maior do que as respostas que são dadas e sem efeito positivo. Por mim, chega.
Agora, depois da reunião havida entre Sócrates e Passos Coelho e do aparente compromisso assumido sobretudo pelo chefe do Governo, dado que é dele que depende o bom resultado que se poderá obter com o referido acordo, poderemos, por este tempo mais próximo, ficar na expectativa, tudo dependendo, claramente, da capacidade de humildade que o primeiro-ministro passar a demonstrar.
Porém, há que deixar claro que, após a sessão havida agora na Assembleia da República, em que José Sócrates não mostrou a mínima capacidade para não impor os seus pontos de vista, afirmando-se como sendo o único que está na posse da verdade, é natural que o portugueses se interroguem de novo se não se trataram as promessas feitas de que, pelo menos nesta ocasião, os dois partidos, PS e PSD actuariam com espírito de compreensão mútua, se esse compromisso será levado a cabo para retirar dificuldades suplementares a Portugal para não atingir o ponto dramático da Grécia.
O susto que pregou Sócrates, com essa sua actuação no Parlamento, leva-nos a prevenir que temos de estar preparados para o pior que ameaça estar ainda para vir. Aqui fica o aviso.

Sem comentários: