sábado, 8 de maio de 2010

TEIMOSIA


EU NÃO ENTENDO e julgo que ninguém entenderá o que passa apela cabeça de alguns dos membros do actual Governo português que se recusam a ouvir – e, portanto, a seguir – as propostas que lhes são apresentadas pelos partidos da Oposição, cujo objectivo é o de reduzir o défice que constitui a grande preocupação de todos os que estão atentos às contas públicas e ao futuro que se apresenta a Portugal. Estará demonstrado que certos cortes nas despesas que pesam nos orçamentos da governação não constituem fantasias mas, simplesmente, são atitudes exequíveis e que só pecam por não estarem já a serem aplicadas. Mas o Executivo de Sócrates, arrogante como sempre tem sido, não é capaz de estudar as propostas que lhes chegam ao conhecimento e, sem o menor complexo, aceitar agradecido o que lhes surge de quase TODO O País e, mesmo que tenha de fazer referência à origem dos tais conselhos, mostrar garbosamente aos portugueses que não olhe às origens das recomendações, pois o que lhe interessa, acima de tudo, é o melhor para Portugal e, com isso, dar provas de que a votação no seu agrupamento constituiu um passo certo por parte dos cidadãos nacionais.
Já foi há algum tempo que o PSD, por um lado, e o próprio PCP, por outro, ambas as Oposições apresentaram propostas que são merecedoras da aceitação ou, no mínimo, de discussão por parte do Governo PS, sendo que uma delas, por exemplo, se refere às consultas que são feitas frequentemente a gabinetes privados, tanto de advogados como de economistas e de outras especialidades, as quais resultam em pagamentos de milhões de euros, quando esse trabalho deveria ser feito por muitos técnicos funcionários públicos de que o próprio Estado é o “patrão”. Mas muitas mais recomendações constam das referidas propostas a que o próprio ministro da Economia se referiu na Assembleia da República, considerando-as como “uma mão cheia de nada”, mas não foi capaz de debater em público cada uma dessas sugestões, como lhe cabia fazer, para ficar demonstrado que, na verdade, o Governo tinha motivos para não as considerar importantes.
Vá lá que, com dificuldade, o Sócrates vai dando o braço a torcer e, como quem não quer a coisa, aqui e ali sempre capitula das suas teimosias e agora, finalmente, surgiu o anúncio de que a ponte sobre o Tejo e outras obras públicas ficarão para mais tarde. Oxalá que este passo ainda permita ao Executivo evitar o pior e que não cheguemos a um ponto semelhante ao que ocorre na Grécia, posto que ajudas da Europa não estão assim tão garantidas e não sentirmos a vergonha de darmos mostra de que não somos capazes de aprender com o mal dos outros.
Em resumo, pois: deixem-se os governantes de utilizar a sua arrogância, a sua vaidade que custa cara aos cofres do Estado, e puxem pela humildade e pelo bom senso em benefício do País que têm de servir com o mínimo de competência. Todos os portugueses aspiram pela boa colaboração honesta entre todos os que têm a responsabilidade de se sentar nas cadeiras do poder e os que aguardam pela sua vez para se colocarem no mesmo lugar, pois essa é a única forma, nesta altura crítica do País, de mostrarem a sua utilidade em prol do bem comum nacional.
Se assim não procederem, uns e outros, sem excepção, só estão a contribuir para que, dentro de algum tempo, não exista uma Nação que necessite dos seus serviços.
E essa coisa que se ouve repetidamente no Parlamento, tanto por parte de deputados do PS como dos outros da Oposição, de que não aceitam lições de Democracia de ninguém, quando é isso precisamente o que lhes faz muita falta, pois que este País, onde essa prática só existe há apenas 36 anos, ninguém se pode gabar de ser um fiel seguidor das regras de saber ouvir, de dar ocasião a que os demais apresentem as suas razões, de aproveitar as boas ideias quando são melhores do que as nossas e ser humildes ao ponto de o reconhecer e, nessas condições, receber o que se pode chamar de “lições” ou simplesmente opiniões que poderão ser úteis para resolver múliplos problemas, como aqueles que enfrentamos neste momento.
A terminar tenho de me referir à aparente discordância do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, do inamovível Sócrates, tendo saído já a nota de que está mais de acordo com Cavaco Silva do que com o seu chefe directo. É que aquela do teimoso ter declarado que “mal vai um Governo que muda de opinião”, só podia sair da sua boca e esta frase talvez fique na triste História deste período quando, mais tarde, se ensinar nas escolas a forma de não governar!...

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