ALGUM PORTUGUÊS, mesmo que seja um lisboeta convicto, tem conhecimento perfeito de todo o “imbróglio” que representou e ainda se mantém, o caso do Parque Mayer e do terreno onde esteve instalada, durante anos, a antiga Feira Popular? Estamos nós, cidadãos, em condições de poder dar razão ou de acusar quem quer que seja face à vergonha de se arrastar durante anos infinitos o problema de não se ver reconstruído o local onde, durante gerações, se apresentavam as chamadas “Revistas à Portuguesa” e no espaço onde, durante os meses da Primavera e Verão, tinha lugar a festa permanente das distracções populares e dos velhos restaurantes com as comidas tradicionais portuguesas?
Ocorreu agora, à pressa, um julgamento em que estiveram indicados como prováveis implicados um Presidente e outros adjuntos, tidos antes como responsáveis pela má solução do problema que envolveu também a empresa Bragaparques, isso porque o Tribunal arquivou o processo por falta de provas. Igualmente sem castigo também ficou o administrador da empresa, pois já antes tinha sido absolvido pelo Tribunal da Relação de Lisboa do crime de tentativa de corrupção junto do vereador da C.M.L. José Sá Fernandes.
Quer dizer, desde 2003, quando a Assembleia Municipal lisboeta aprovou a permuta de terrenos para permitir a reconversão do Parque Mayer, a expectativa era a de que se iria assistir às obras no Parque Mayer, de molde a que aquele espaço renascesse e pudesse Lisboa contar com aquilo que constitui uma tradição que vem de longe. Mas passaram todos estes anos e tudo se encontra vergonhosamente com o ar de abandono, ao mesmo tempo que, no que se refere ao terreno onde existiu a Feira Popular, também nada foi feito e a pressa em desactivar o espaço não foi nunca entendido.
Se o Juiz deu como não provados actos ilícitos, não considerando matéria criminal todo o processo, assim podemos ficar descansados em relação a uma situação extremamente confusa e que dá motivo para existirem desconfianças profundas, por parte dos cidadão, de que algo de estranho se terá passado no meio de todo o emaranhado de trocas e baldroca, e que, com isso, alguém, como é um triste costume neste nosso País, arrecadou algumas verbas substanciais, para além de ter contribuído para que a capital portuguesa ficasse privada de dois locais de enorme interesse não só para os lisboetas como para todos os que visitam o espaço ulissiponense.
É isto que se passa em Portugal e com os portugueses. Inacreditável para quem, de outra Nação, oiça a história contada. Mas nós, habituados que estamos, desde sempre, a só sabermos reclamar por aumentos de ordenados e diminuição de horas de trabalho, nestes casos de verdadeiro assalto ao que constitui patrimónios de todos, aí ficamo-nos conformados e nem sequer levantamos a voz para exigir cumprimento dos deveres daqueles que estão colocados em lugares, pagos pelos nossos impostos, e que não são capazes de cumprir as obrigações que lhes cabem.
Que a carapuça caiba a quem se sentir atingido, por mais que queira disfarçar.
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