
AINDA com o Papa entre nós, assistindo, pessoalmente ou através dos órgãos de comunicação social, ao trajecto que lhe foi preparado, talvez não seja o momento mais apropriado para nos dedicarmos a questões de maior complexidade. No entanto, talvez também por isso, seja possível fazer uma paragem e raciocinar um pouco. Experimentemos.
SEMPRE QUE oiço alguém dizer que só lhe apetece é acabar de vez com qualquer coisa com que não está de acordo, dou comigo a pensar nas consequências de tal atitude e no que viria a seguir se fosse possível fazer a vontade aos tais descontentes.
Isto, dito só assim, não obterá, por certo, um consenso muito generalizado. Pois que, na vida dos cidadãos surgem sempre situações que não se solucionam apenas com a exterminação, pura e simples, de uma causa original. E darei alguns exemplos:
No caso das touradas, aqueles que são contra o que se chama de sofrimento dos protagonistas em tais espectáculos, os touros, costumam defender a tese de que se deveria terminar com a criação de tais animais. E era precisamente isso que sucederia, pois que um touro, que é criado até cerca dos quatro/cinco anos antes de chegar à idade de ser corrido nas praças, atingindo um valor de mercado que ultrapassa muito o que representaria se se destinasse apenas ao consumo da carne, se não tivesse aquele propósito seria uma raça que teria unicamente o caminho dos talhos e, com essa alteração, não se passariam a cultivar cuidadosamente os referidos animais. Daí o ter lugar a interrogação se o Homem pratica melhor acção num ou noutro caso. E haja quem responda.
E, já agora, a talhe de foice, pode-se pôr a interrogação de se é mais útil quando nos pomos a pensar nos problemas que nos assaltam ou se é preferível dizer como aquele que afirma “não ter tempo para pensar”. Se, pormo-nos a matutar sobre situações hipotéticas que podem ocorrer ou tentarmos descortinar motivos que levantam dúvidas, será saber-se utilizar proveitosamente o espaço cerebral que possuímos ou se, pelo contrário, não tendo a menor utilidade encontrarmos a resposta, é preferível arredar das ideias tais assuntos. Em resumo, se se está mais próximo da felicidade não castigando a imaginação com questões que assaltam os nossos pensamentos ou se, pelo contrário, aflige-nos a ignorância e fazemos conjecturas quanto a eventuais contestações que poderemos encontrar pelo nosso próprio esforço de cabeça. Mesmo que nunca consigamos obter satisfação no que respeita à verdade absoluta.
Ter dúvidas é, para alguns, uma constante, ser portador da consciência do engano com frequência representa também uma preocupação que não transporta em si grandes doses de felicidade. Será por isso que os seguros da sua ciência e da correcção dos seus actos andarão mais perto de ser felizes do que aqueles que, embora não deixando de exercer as suas funções, lá vão caminhando com a amargura da indecisão.
O Homem luta sempre entre os dois pólos. Vá lá saber-se se é preferível optar por um dos dois pólos opostos.
E, já agora, uma dúvida deverá ocorrer, nestas alturas, a muitos dos portugueses que não têm horror ao pensamento: será que um governante novo, que surgisse nesta fase da vida portuguesa e substituísse o José Sócrates, seria (ou será) capaz de solucionar os graves problemas que nos afectam? As suas acções, por mais condizentes que fossem (sejam) em ralação ao que os nossos cidadãos consideram serem as ideais, resolveriam (resolvem) em profundidade uma crise que se tem vindo a arrastar ao longo dos últimos tempos?
Vale a pena fazer o exercício da imaginação para tentar tomar partido por uma de duas coisas: ou o sossego proveniente da boa opção que tenhamos sido capazes (ou tido a sorte) de tomar ou a amargura de não se vislumbrar, através da eventual substituição, de solução que tranquilize quem anda a tentar endireitar as suas vidas.
As dúvidas constituem uma sina que os portugueses, queiram ou não, transportam desde o início da sua existência como povo. Até talvez seja uma forma de ir mantendo a vontade de conservar o que somos.
SEMPRE QUE oiço alguém dizer que só lhe apetece é acabar de vez com qualquer coisa com que não está de acordo, dou comigo a pensar nas consequências de tal atitude e no que viria a seguir se fosse possível fazer a vontade aos tais descontentes.
Isto, dito só assim, não obterá, por certo, um consenso muito generalizado. Pois que, na vida dos cidadãos surgem sempre situações que não se solucionam apenas com a exterminação, pura e simples, de uma causa original. E darei alguns exemplos:
No caso das touradas, aqueles que são contra o que se chama de sofrimento dos protagonistas em tais espectáculos, os touros, costumam defender a tese de que se deveria terminar com a criação de tais animais. E era precisamente isso que sucederia, pois que um touro, que é criado até cerca dos quatro/cinco anos antes de chegar à idade de ser corrido nas praças, atingindo um valor de mercado que ultrapassa muito o que representaria se se destinasse apenas ao consumo da carne, se não tivesse aquele propósito seria uma raça que teria unicamente o caminho dos talhos e, com essa alteração, não se passariam a cultivar cuidadosamente os referidos animais. Daí o ter lugar a interrogação se o Homem pratica melhor acção num ou noutro caso. E haja quem responda.
E, já agora, a talhe de foice, pode-se pôr a interrogação de se é mais útil quando nos pomos a pensar nos problemas que nos assaltam ou se é preferível dizer como aquele que afirma “não ter tempo para pensar”. Se, pormo-nos a matutar sobre situações hipotéticas que podem ocorrer ou tentarmos descortinar motivos que levantam dúvidas, será saber-se utilizar proveitosamente o espaço cerebral que possuímos ou se, pelo contrário, não tendo a menor utilidade encontrarmos a resposta, é preferível arredar das ideias tais assuntos. Em resumo, se se está mais próximo da felicidade não castigando a imaginação com questões que assaltam os nossos pensamentos ou se, pelo contrário, aflige-nos a ignorância e fazemos conjecturas quanto a eventuais contestações que poderemos encontrar pelo nosso próprio esforço de cabeça. Mesmo que nunca consigamos obter satisfação no que respeita à verdade absoluta.
Ter dúvidas é, para alguns, uma constante, ser portador da consciência do engano com frequência representa também uma preocupação que não transporta em si grandes doses de felicidade. Será por isso que os seguros da sua ciência e da correcção dos seus actos andarão mais perto de ser felizes do que aqueles que, embora não deixando de exercer as suas funções, lá vão caminhando com a amargura da indecisão.
O Homem luta sempre entre os dois pólos. Vá lá saber-se se é preferível optar por um dos dois pólos opostos.
E, já agora, uma dúvida deverá ocorrer, nestas alturas, a muitos dos portugueses que não têm horror ao pensamento: será que um governante novo, que surgisse nesta fase da vida portuguesa e substituísse o José Sócrates, seria (ou será) capaz de solucionar os graves problemas que nos afectam? As suas acções, por mais condizentes que fossem (sejam) em ralação ao que os nossos cidadãos consideram serem as ideais, resolveriam (resolvem) em profundidade uma crise que se tem vindo a arrastar ao longo dos últimos tempos?
Vale a pena fazer o exercício da imaginação para tentar tomar partido por uma de duas coisas: ou o sossego proveniente da boa opção que tenhamos sido capazes (ou tido a sorte) de tomar ou a amargura de não se vislumbrar, através da eventual substituição, de solução que tranquilize quem anda a tentar endireitar as suas vidas.
As dúvidas constituem uma sina que os portugueses, queiram ou não, transportam desde o início da sua existência como povo. Até talvez seja uma forma de ir mantendo a vontade de conservar o que somos.
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