quinta-feira, 15 de abril de 2010

UNIDOSES


JÁ SABEMOS qual é a decisão do Governo no que respeita à venda de unidoses de remédios nas farmácias. Pelo menos as dúvidas estão ultrapassadas, posto que a ministra da Saúde, em entrevista concedida a Miguel de Sousa Tavares - o encarregado pela RTP de fazer agora o papel de interrogador de figuras mediáticas, o que, expresso a minha opinião, não lhe sai muito bem, e, quanto a isso, depois de assistir a mais umas tantas tarefas do mesmo tipo, não deixarei de referir o que penso concretamente sobre essa missão -, deixou bem claro que se trata de uma medida que apresenta custos muito elevados e que são os próprios laboratórios a dar mostras de não quererem aderir a essa alternativa.
Ora, era precisamente esse pormenor que justificava também um “aperto” por parte do entrevistador, dado que, há mais de 30 anos, por acaso em Londres, fui protagonista de uma situação em que um médico de um hotel requisitou, até pelo telefone, uma medicina para serem tomadas apenas duas doses, e as duas pastilhas apareceram numa frasco não original e com um rótulo colado no exterior e o nome do remédio escrito à mão. Isso, repito, ocorreu em 1970!
Por aqui se pode ver o estado de atraso em que nos encontramos no que se refere à Europa. Pelos vistos, na Grã Bretanha – e não só, pois há conhecimento de que outros países seguem o princípio da venda de unidoses de medicamentos – os laboratórios farmacológicos não têm o poder que por cá se verifica e não existirá uma associação dos farmacêuticos com a mesma força que tem a que domina a situação no nosso espaço.
Eu nem me sinto vocacionado para discutir a opinião da ministra da Saúde, pois cheira-me a sua tomada de posição a falta de coragem em enfrentar o finca-pé do “patrão” da instituição das farmácias, o que prova, sem necessidade de qualquer chapéu de chuva, que o mais cómodo é não levantar confrontos, mesmo que esses representem uma economia importante nos gastos públicos e, evidentemente, um gasto bem menor por parte dos doentes que, especialmente neste período de baixas de rendimentos, lhes calharia de forma bem positiva.
Cada um que pense o que quiser. Eu, com o meu blogue absolutamente independente de quaisquer interesses, só me permitindo apontar aquilo que já verifiquei lá fora, não me conformo e, quando vêm dizer que os próprios médicos não são partidários de receitar unidoses, como já foi dito na comunicação social, então ainda mais revoltado me sinto. E a única resposta que dou é de que não acredito que os tratadores da saúde pública levantem barreiras no que respeita a facilitar a vida dos mais necessitados.
Mas, ao mesmo tempo, fico a falar sozinho.

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