sexta-feira, 23 de abril de 2010

QUEREMOS TRABALHO!...


O DESEMPREGO em Portugal não pára de aumentar e os governantes, apesar de muitas promessas, não dão mostras de saber como inverter a situação. O número oficial já ultrapassa os 600 mil, mas a realidade ainda será pior, pois existe gente que não encontra trabalho e que, apesar disso, não recorreu ainda aos serviços montados para efectuar os seus registos. Trata-se, sem dúvida, de um perigoso elemento que pode alterar os comportamentos dos cidadãos atingidos, quer por via directa quer por influência de casos em redor.
As razões deste flagelo são conhecidas, pois que as empresas que ainda poderiam atrever-se a receber novo colaboradores, em face da crise que envolve todo o País não se arriscam a garantir por tempo indefinido a manutenção de empregados acabados de admitir.
No entanto, como costuma dizer o povo, quem não tem cão caça com gato ou, por outras palavras, em caso de extrema necessidade as regras têm de ser ultrapassadas. E, se é certo que os trabalhadores necessitam de ter os seus os seus lugares minimamente assegurados, não podendo ser despedidos sem razões que a lei admite, na situação actual e para se tentar pôr cobro à onda de desemprego que grassa pelo nosso Portugal, o que é forçoso encarar é se não será preferível a quem está desempregado conseguir ter actividade e remuneração, ainda que seja sem garantia de permanecer toda a vida no mesmo local, do que ver passar os meses e até os anos à busca de ocupação e, por outro lado, ter também o Estado que suportar o subsídio que é atribuído em tais circunstâncias. E são muitos milhões de euros que são gastos.
É bem sabido que, nos Estados Unidos da América, desde sempre que não se verifica essa norma de não poderem as empresas mudar de funcionários sempre que as circunstâncias o impõem. E o resultado que sempre se verificou, evidentemente quando a tal crise ainda não se tinha instalado, foi o de que os patrões, perante os seus funcionários cumpridores e úteis nas funções que desempenhavam, não desejavam perder a sua colaboração e até os compensavam com sucessivas melhores condições para os ir mantendo. Hoje, naturalmente não ocorre isso, posto que as baixas de vendas e as reduções necessárias de trabalhadores em cada local que sofre prejuízos obriga a que outros cuidados façam criar também lá o desemprego. Mas os tempos, espera-se, mudarão. E a normalidade que Obama parece estar a proporcionar talvez já não tarde assim tanto a ser presenciada.
Agora, no que se refere a Portugal, mesmo indo este texto levantar alguma celeuma, sobretudo junto dos sindicalistas inveterados, dos promotores das greves sejam quais forem as consequências para a economia, assim mesmo atrevo-me a apresentar esta sugestão que, obviamente, na fase em que ainda estamos não será atendida por ninguém… excepto pelos 600 mil desocupados com que deparamos a cada passo.
Se fosse aberta, por um período estabelecido, a possibilidade de, apenas nas situações novas – e é forçoso reforçar este princípio - não ser necessário fazer contratos a prazo, podendo os empregadores passar a admitir colaboradores por tempo não estabelecido contratualmente, a pergunta que faço é se essa medida não iria provocar um certo arrojo em todas as empresas no sentido de não terem receio de aumentar os seus quadros que, depois e perante a actuação positiva desses admitidos, poderia resultar em emprego seguro.
Mas se há quem prefira manter o panorama da paralisação, em vez de serem tomadas medidas que, por muito pouco seguras que sejam, sempre dará ocasião a que os que andam por aí a roçar-se pelas parede possam usufruir de um salário… enquanto dura, se é isso que os portugueses que se encontram à frente das organizações sindicais e aí têm os seus ordenados garantidos preferem, então que assumam a responsabilidade dos seus actos. E, quanto aos governantes, se não têm coragem para propor esta medida provisória à Assembleia da República, pois que dêem a cara e suportem as consequências.

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