domingo, 18 de abril de 2010

MELHOR NÃO LIGAR


ORA VEJAM LÁ se vale a pena andarmo-nos nós a escandalizar com os pagamentos equivalentes aos que ocorrem nos países de petróleo aos seus magnatas e que são feitos a alguns gestores de empresas portuguesas em que o Estado tem participação! Para que serve tanta conversa que tem sido gasta com o que dizem ser um escândalo nos ordenados e subvenções que são atribuídas aos Mexias e outros quejandos? Então não é que, em reuniões de Assembleias-Gerais da EDP e da PT, os accionistas votaram agora mesmo a concordância com a manutenção de tais atribuições monetárias?
Sendo assim, o melhor é deixarem os portugueses vulgares de querer dar opinião no que respeita a decisões tomadas por entidades situadas em plano superior, pois o que lhe cabe é apenas o pagarem as taxas que, por exemplo estas duas empresas de fornecimento em exclusivo de electricidade e de serviço telefónico, aplicam aos portugueses, que esses, mesmo em democracia, não têm mais remédio que não seja acatar o que lhes impõem, sem oportunidade de mudar de fornecedores.
Isto de ser possível que António Mexia, presidente da EDP, tenha metido ao bolso 3,1 milhões de euros pela sua actuação num ano, e que Zeinal Bava, presidente da PT, “só” lhe tenham cabido 2,5 milhões, a par de muitos outros “mandões” de empresas também comparticipadas pelo Estado não se fiquem muito longe, só quer dizer que vivemos num País onde a vergonha de quem é beneficiado e o desinteresse dos que podem mudar as circunstâncias e nada fazem, todos contribuem para que este barco que é Portugal se continue a afundar e que, como disse agora o presidente da Checoslováquia a Aníbal Cavaco Silva, não estaremos muito longe de alinhar com a situação da Grécia e que seria bom que nos precavêssemos em relação ao possível desinteresse dos restantes países da Comunidade Europeia em nos prestar auxílio, pois teremos que ser nós próprios, em primeiro lugar, a mostrar que tudo fazemos para não cair no buraco.
O que nos vale, neste caos da crise financeira e social que tem corrido o mundo e que tem alargado as suas asas por diversas frentes, incluindo a nossa, é que, na situação dramática que teve origem na Islândia e tem tapado quase todo o céu da Europa com a nuvem vulcânica, desta vez e até hoje – vamos a ver o que se vai passar ainda – conseguimos sair ilesos. Apenas o Presidente Cavaco Silva e a sua equipa sofreram os efeitos da impossibilidade utilizar a via aérea para regressar a Portugal da sua viagem nem por isso bem escolhida à República Checa. Em alguma coisa teríamos que ser favorecidos pelas decisões super naturais. Já que, no capítulo do excesso de chuva não nos podemos considerar muito felizardos este ano.
Mas também, lá vamos conseguindo disfarçar as poucas satisfações que as circunstâncias nos proporcionam. E, para isso, tudo nos serve para olhar para o lado a assobiar. As tolerâncias de ponto que o Executivo entendeu conceder por motivo da visita próxima do Papa Bento XVI a Portugal, sendo que, da parte da tarde do dia 11 de Maio, no dia 13 e da parte da manhã do sai 14, o trabalho de muita gente fica relegado para segundo plano. Isto numa altura de crise e de contenção, como diz o Bloco de Esquerda… mas nisto até terá alguma razão.
É por isso que faço a pergunta logo no início deste texto: valerá a pena andarmo-nos a amofinar com o que ocorre nesta Terra de gente do deixa andar?

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