quinta-feira, 22 de abril de 2010

CORAGEM DE CAVACO


CONFESSO que a minha reacção foi de não me incomodar excessivamente com o caso que ocorreu durante a visita de Cavaco Silva a Praga. Considerei a situação como uma excessiva má educação de um chefe de Estado de um País que o nosso Presidente visitava e não me preocupei em ir mais longe. Mas as coisas evoluíram, pelo menos por cá. Alguns cronistas de jornais não esconderam a sua fúria em relação, sobretudo, ao facto do nosso Presidente não ter sido capaz de reagir a uma má actuação de Vaclav Klaus, o “dono da casa” que recebia uma visita portuguesa. E aí, reflecti melhor e achei que deveria expressar também a minha opinião. Não podia ficar indiferente.
Enfim, no que diz respeito ao checo que entendeu dar ares de grande pregador, provavelmente por não ter perdido ainda o que constituiu um hábito naquelas áreas, no antigamente em que havia um que mandava e todos os outros obedeciam, com a imagem do Stalin ainda presente no seu espírito e querendo imitar também o novo ditador da Venezuela, no que se refere a um Vaclav fora de moda europeia não me apetece sequer fazer um comentário. Nem importa sequer avaliar se o que ele disse pode ou não corresponder a uma eventual realidade. O que sim tenho de deplorar é que o representante máximo de Portugal que se encontrava como convidado do “mestre-escola” praguiano, ao escutar a tradução simultânea das opiniões expressas pelo anfitrião não tivesse sido capaz de mostrar que não podemos admitir que, naquelas condições, tivéssemos de receber avisos e ensinamentos de alguém que não tinha o direito de se expressar naqueles termos.
Cada um de nós, português, pode e talvez até deva advertir de que o caminho que levamos não será o mais indicado para nos conseguirmos libertar de uma situação que nos pode conduzir a uma saída dramática, seja ela parecida ou não com a que a Grécia enfrenta hoje. Eu, aqui neste blogue, não escondo a preocupação com que vivo de, se não optarmos por outra via diferente da que o Governo de Sócrates segue, podermos vir a acordar um dia destes com a banca rota a bater-nos à porta. E faço os possíveis para advertir quem me lê que a nossa obrigação como cidadãos é a de tudo fazermos para colaborar das formas que nos forem possíveis para participar na salvação que depender ainda dos concidadãos. Uma delas, por exemplo, é a de não aderirmos a qualquer tipo de greves que façam paralisar por mais pequena que seja a máquina que contribua para enriquecer o nosso património. E que, também com o mesmo espírito, procuremos utilizar apenas produtos nacionais, para evitar os gastos com as importações. Mas tudo isso são comentários tidos dentro da nossa casa…
Agora, que venha um fulano qualquer, estrangeiro, e ainda por cima aproveitando-se da visita que lhe é feita por um nosso representante oficial, a “ralhar” connosco e a prevenir-nos de que estamos perto do que ocorre com a Grécia, pelo que devemos tomar medidas que façam baixar o nosso défice, por muita verdade que isso seja, ninguém fica satisfeito por ver o nosso Presidente da República engolir em seco, fazer um risinho amarelo e não responder como merecia quem teve um comportamento de tão baixo nível.
Quando o rei de Espanha respondeu ao homem da Venezuela “por que no te callas?”, ficou bem gravada na cabeça de todo o mundo que os espanhóis não se rebaixam, por muito mal que lhes corram as coisas. Era a altura de mostrar que também nós, por muito pequeno que seja este rectângulo, não nos submetemos a más criações de outros, nem que sejam os que estiveram um largo número de anos sob a alçada da então União Soviética, engoliram em seco e fizeram tudo que eles mandaram!...
Não sei se esta falta de coragem de Cavaco Silva não pesará na altura do povo se deslocar às urnas para deitar o seu voto para escolher se haverá reeleição ou se preferirá um Presidente novo. Nunca se sabe!...

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