terça-feira, 27 de abril de 2010

AJUDAR SÓ A GRÉCIA?


A SITUAÇÃO actual da necessidade de ajudar a Grécia a sair da grave crise que está a viver, e em que já foi definido o apoio através da intervenção da União Europeia, a qual vai ser concretizada com a participação de dois terços do montante necessário pelos parceiros da Europa e um terço pelo Fundo Monetário Internacional, o que representa muitos milhares de milhões de euros, irá provavelmente criar condições novas de actuação de todo o conjunto, actualmente de 27 membros, apressando certamente, pelo menos é o que muitos desejam, a instituição de um núcleo denominado Estados Unidos da América. Eu, por mim, também gostaria que tal se concretizasse.
Na verdade, até agora, uma certa dispersão de atitudes – não se pode pôr de parte a exclusão assumida pela Grã Bretanha no que respeita à não aderência à moeda única, ao euro, o que, se se tratasse um país de menor importância, obviamente que teria constituído motivo para uma tomada de força rígida por parte de todos os outros participantes -, tem provocado um adiar sucessivo no que respeita à formação de um agrupamento que, em profundidade, obedeça a regras unitárias de actuação, ainda que conservando, como é natural, as características próprias de cada um, como a língua, os hábitos e costumes, os governos e todas as instituições adjacentes no que respeita à condução local de cada País.
Os anos que têm passado e a demora em chegar-se a uma comunhão perfeita de todos os participantes no capítulo de se poder afirmar estar a ser cumprida a regra de “um por todos e todos por um”, esse adiamento repetido, mesmo com as realizações de tratados sucessivos que procuram ir melhorando os relacionamentos, tal arrastar doentio, resultante das teimosias nas defesas de interesses próprios de alguns membros, essas tardanças só têm servido para que, aquilo a que se chama União Europeia, se encontre ainda na fase de aproximação da Europa desejada. O que, evidentemente, é bem distante àquilo que se impõe que constitua a concretização da ideia tal como ela nasceu na cabeça do seu fundador.
Por isso albergo agora alguma esperança de que a ajuda que a Grécia tanto necessita e que está em fase de concretização, com grandes probabilidades de vir também a ser pedida por outros parceiros que não se encontram muito longe da complicada situação grega, venha a servir para despoletar a fase seguinte de uma União Europeia que, como é sabido, corre actualmente o risco de ir perdendo consistência, em face de algumas atitudes pouco conciliadoras que têm sido mostradas perante casos concretos que vêm a lume assiduamente.
Nós, portugueses, bem podemos e devemos aspirar que tal não suceda. A unidade da Europa é fundamental para que, por cá, se consiga levar por diante uma política democrática que é essencial para que prossigamos com os desígnios do 25 de Abril, de que foi agora comemorado o seu 36º aniversário. Os ensinamentos que vierem do exterior e no nosso Continente poderão abrir as mentes daqueles que, convencidos das suas razões, como sendo as únicas certas, não têm ainda consciência de que o emendar erros faz parte da caminha do Homem e que ninguém se encontra incólume de os praticar.
A quem caiba esta advertência, que enfie a carapuça…

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