quarta-feira, 31 de março de 2010

PRÉDIOS ENTAIPADOS


CADA VEZ que me disponho a escrever um texto para colocar neste meu blogue diário, portanto, como diria o M. de La Palisse, todos os dias, o trabalho maior que encontro é tentar descobrir algum tema que não se enquadre com o ambiente de tristeza, de pessimismo, de maus presságios que, infelizmente, é o que não nos falta e que, por isso mesmo, é aquele que salta imediatamente ao pensamento.
Não se perfila hoje uma excepção. Corri as notícias todas e, nem no nosso País nem no panorama internacional deparei com alguma coisa que me levasse a cantar hossanas e a transmitir esse contentamento aos leitores deste meu trabalho. E não encontrei nada que me conduzisse em tal direcção. Lá por fora, as acções terroristas – agora até em Moscovo, o que fará com que muitos russos se recordem do sanguinário Estaline, que no seu tempo, era apenas ele que “tinha o exclusivo” de liquidar aqueles que não lhe agradavam, não deixando que, nem terroristas nem ninguém, colocassem bombas em comboios ou onde quer que fosse -, assim como todas as ameaças e os tiroteios que, em diferentes zonas, ocorrem e que não mostram sinais de ter fim, tudo isso não serve de exemplo a nada nem a ninguém anima a que se encontrem razões para olharmos para o Mundo com optimismo. E até a Europa unida, como tanto tem sido desejada, até essa leva tempo excessivo a dar mostras de um entendimento e de se conseguir um dia o máximo que os sonhadores, cada vez menos, ainda esperam ver: a concretização dos Estados Unidos da Europa.
E então cá, neste nosso burgo? Com a necessidade imperiosa que existe de se encontrar forma de diminuir o desemprego – porque acabá-lo, é coisa impensável -, tudo que possa contribuir para se chegar perto desse objectivo deveria ser aplaudido e entusiasmado. Logo, por esse Portugal fora, as licenças de construção, devidamente reguladas de acordo com as conveniências de ordenamento, isso sim, mas sem demoras de licenças que os Municípios passam, essa atitude contribui para que as empresas do sector, sobretudo as mais pequenas, e, portanto, os operários respectivos, vissem as suas actividades apoiadas. Isso, sem dúvida. Mas o que não poderia deixar de ser rigorosa é a chamada fiscalização, por parte dos elementos que, em muitos casos (é do que se queixam largamente os arquitectos), talvez também porque as suas remunerações não sejam de acordo com a responsabilidade que lhes cabe, se deixam enredar pela atitude do facilitismo, que á uma forma de chamar a corrupção, que, ao contrário de poder apressar as decisões, o que faz é que os custos das obras se eleve excessivamente e que as regras sejam obscurecidas, contribuindo para o permitir a utilização de materiais que não oferecem garantia de duração.
E, no capítulo de cumprimento de prazos, nesse particular o fechar de olhos dos tais fiscais, especialmente quanto ao tempo que é permitido permanecerem os taipais à frente dos prédios para lá do fim das obras, aí todos os cidadãos se deparam com os inconvenientes que resultam de tamanho desleixo.
Todos nós, sobretudo em Lisboa, nos incomodamos com esse abandalhamento dos espaços ocupados nos passeios com trabalhos de construção que se prolongam por tempos indefinidos, mas que podem fazer os contribuintes se é a própria Câmara Municipal que não fiscaliza os seus fiscais e contribui para que a tão usual corrupção funcione em pleno?
Só que não quer, no seio do Município lisboeta, é que não se dá conta dessa rebaldaria que ocorre na capital e tanto faz mudarem presidentes, vereadores e outras figuras que lá estão a ganhar os seus vencimentos… porque tudo se mantém sempre na
mesma!

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