segunda-feira, 29 de março de 2010

POUCAS VERGONHAS


NÃO, NÃO DESARMO em relação ao alvo que mantenho na mira e que diz respeito a, com a assistência que me assista – que é quem lê o meu blogue diário -, denunciar permanentemente as poucas vergonhas que ocorrem em Portugal, e que, em vez de se verificarem actuações por parte de quem ainda possui algum mando (porque também esse está em vias de se extinguir), pelo contrário, aquilo a que dedicam atenção é somente aos casos de segunda ordem e de importância secundária.
Cada vez que a comunicação social dá conta de situações de verdadeiro escândalo com as remunerações e outras benesses que os administradores de empresas, as públicas e as não públicas, recebem das empresas em que actuam, a esmagadora maioria de portugueses que conseguem manter-se na corda bamba dos orçamentos caseiros não podem fazer outra coisa que não seja roer as unhas e aumentar o seu stress que, no caso dos miseráveis, tem de ter outro nome, simplesmente revolta.
Veio agora a lume que a administração do Banco Espírito Santo, uma empresa privada, é sabido, mas que a sua existência e os enormes lucros que lhe cabem resultam de uma actuação junto do população nacional, essa instituição gastou, em 2009, 12,1 milhões de euros com remunerações e prémios aos seus 27 membros da administração, dos quais 11 executivos e 16 não executivos, cabendo ao presidente da comissão executiva, Ricardo Espírito Santo Salgado, 1,050 milhões divididos em 435 mil em ordenados, 603 mil em prémios e 12 mil em subsídios.
Pois bem, repito que cada empresa privada renumera os seus administradores conforme entende e de acordo com a decisão tomada em assembleia de accionistas, mas, no caso dos Bancos, quando se chega à conclusão, como sucede com o BPP, que está prestes a ser declarado falido, e que, até se assiste a que um administrador desse Banco se tenha transferido para outra instituição dependente da Caixa Geral de Depósitos, isso, enquanto cerca de 100 colaboradores do BPP se encontram em vias de despedimento, nestas circunstâncias não é possível mantermo-nos impassíveis face ao que se passa à nossa volta.
Eu, por mim, volto a afirmá-lo, não desarmo. Pode não servir para nada, pelo menos de imediato, todas as denúncias que aqui registo e as escandaleiras que só num País de “brandos costumes” – como foi conhecido durante muito tempo – é que podem ocorrer. Mas eu confio que, num futuro, que pode até não ser assim tão próximo, alguém recorde quem teve uma vida de inconformismo, antes em relação ao estado ditatorial que se vivia e que, a mim pessoalmente, atingiu de forma bem efectiva, ao longo da minha profissão de jornalista. Pois não poderia ser agora, em que tanto se proclama a vida democrática, que o sistema da “rolha” volte a ser implantado.Se quem ler este blogue lhe der a expansão para outros destinos, então o seu efeito será ainda mais efectivo. E não digam quem é o autor, que eu não preciso de publicidade.

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