segunda-feira, 22 de março de 2010

POUCAS VERGONHAS


DEVO ADMITI-LO QUE já tinha tomado a decisão de deixar de preencher o meu blogue, que considero merecer assuntos mais limpos, com estes casos de autêntica vergonha da política nacional, com as protecções escandalosas que prestam uns aos outros, agora tu e depois não te esqueças de mim, como se têm verificado por cá, embora, reconheço-o, não seja somente uma situação dos nossos dias, pois sempre ocorreram mesmo na época passada da ditadura, apesar de Salazar não precisar de pôr o seu bolso à disposição por ser outra a sua ambição, mas dando essas oportunidades aos seus apaniguados, pois se também não o fizesse não teria as protecções de que gozou enquanto foi vivo e chefe do Governo.
Mas, ainda que resista a ocupar-me de assuntos que só desprestigiam quem segue por tais caminhos, mesmo assim, não resisto e, de vez em quando, caio na tentação de referir situações que bem enegrecem a imagem daqueles que se metem em tamanhos escândalos à honradez. Pois é o que me sucede nesta altura.
Recebi um mail que anda por aí a correr os computadores dos que se mostram interessados por ter conhecimento das poucas-vergonhas que os homens provocam. E, como está na moda aparecer sempre o nome de Vara em tudo que se associa a maus comportamentos, cá me encheu o écran a notícia que aproveito para colocar no meu blogue de hoje. Não se trata de um diz-se, diz-se, mas sim de uma informação que é dada com elementos de comprovação e que todos podem confirmar se o quiserem fazer.
No relatório da Caixa Geral de Depósitos, referente a 2008, publicado em Abril do ano passado, nas páginas 504 a 542, pode tomar-se conhecimento de que Armando António Martins Vara, vogal do Conselho de Administração da referida instituição, terminou o seu mandato em 9/01/2008 e por ter trabalhado 9 dias nesse ano na CGD teve direito a uma remuneração-base de 23.726,95 euros. E acrescenta o mail: à média de 2.637,44 euros por dia, tendo recebido uma verba superior ao seu vencimento mensal a que teria direito (18.550 euros). Depois, em 16 de Janeiro de 2008 seguiu para a administração do BCP, acompanhado de Santos Ferreira e Vítor Lopes Fernandes, também administradores cessantes da CGD.
Fica-se a saber igualmente, através da referida informação que corre nos computadores de muitos interessado, que os administradores da Caixa gozaram de um estatuto remuneratório que correspondeu a 26.500 euros, 14 vezes por ano, isto para o Presidente, porque Armando Vara recebia 22.525 igualmente vezes 14 pagamentos anuais.
Mas, através do que consta na página 540 do Relatório referido, Armando Vara recebeu da CGD 23.742,72 euros de ferias não gozadas e, por outro lado, coube-lhe 117.841,03 euros de participação nos lucros da Empresa/Prémios de Gestão referentes a 2007 e recebidos no ano seguinte, isso sem referir outras regalias, como o cartão de crédito e à aposentação, etc., para além de 961,87 euros por gastos de telefone, isto referente aos tais 9 dias de actividade, que foi o tempo que Vara ocupou em actividade na CGD.
Porém, no tal mail que está a ser divulgado, é recordado que Armando Vara, ao ter mudado da CGD para o BCP, passou a exercer as funções de vice-presidente do Banco, de onde saiu por motivo dos acontecimentos que, por sinal, ainda estão completamente por esclarecer.
Não me disponho a fazer comentários a todo este historial que corresponde a uma amostra daquilo que ocorre em Portugal em muitas situações e em que as pouca vergonhas dos favores que andam a fazer uns aos outros, desses que defendem com unhas e dentes as regalias que são construídas para criar paraísos de vida a grupos de gente que, não tendo contribuído em nada para que Portugal passasse a ser uma País democrático de regime, se serve da libertinagem que instituiu e tira partido vergonhoso do que os outros lhe permitem que usufruam.
No fundo, são todos culpados da situação que se estabeleceu. Pois também ninguém se atreve a meter mão em tudo isso e cá vamos, caminhando para lugar incerto, enquanto durar a vida doçura…

Sem comentários: