terça-feira, 16 de março de 2010

PEC - ESTABILIDADE?


DIGAM lá o que disserem, mas as medidas agora surgidas e que se acotovelam todas no documento chamado PEC, Programa de Estabilidade e Crescimento, são decisões que, com todos os seus defeitos, de uma coisa podem e devem ser acusados os seus autores: é que apareceram já tarde e se tivessem, essas ou talvez outras mais suaves, sido tomadas algum tempo atrás, por certo que os efeitos já se teriam notado na situação catastrófica que enfrentamos agora em Portugal e não seriam, por isso, tão dramatizadas nesta altura como tratando-se de um apertar de cinto que os portugueses são obrigados a suportar com surpresa.
Aquilo que eu tenho proclamado neste blogue de que o Governo de Sócrates tem de ser acusado severamente pelo facto de ter andado sempre com um ar de satisfeito a iludir a população de que tudo estava a correr satisfatoriamente, por vezes até com ares de que o resto da Europa se defrontava com problemas, enquanto por cá nos situávamos, em muitos casos, à cabeça dos melhores, essa posição de mentira não serviu para outra coisa senão o não ter preparado os portugueses para o mal que ainda estava para chegar e que os governantes não encontravam forma de ultrapassar.
O que valeu ao grupo do primeiro ministro que nos calhou na rifa foi de que as Oposições não foram capazes de constituir alternativa e só agora é que o PSD, a segunda posição política que poderá vir a concorrer ao lugar, se juntou num congresso em busca de condições para transmitir crédito suficiente junto da população votante. Mas tudo isso leva o seu tempo e, entretanto, temos de viver com o que existe, que é uma situação de feroz apertar do cinto, de termos de reduzir ainda mais os gastos e assistindo a que esse regra não seja de ordem geral, pois que ainda existe uma camada da população que, graças a habilidades conseguidas através das concessões que os “amigos” do Governo foram facilitando e que, neste pacote do PEC, não se vêem claramente eliminadas.
Claro que está fora de questão que o Presidente da República tome a iniciativa de dissolver o Parlamento e de, por via disso, serem convocadas eleições. A situação deficitária do País não permite que se corra o risco de baixarem ainda mais os níveis de confiança externa em relação às necessidades que ainda temos, e muitas, de empréstimos vindos do exterior. Logo, só nos resta aguentarmo-nos sozinhos e fazermos tudo, com os nossos próprios parcos meios, para nos aguentarmos, por muito mal que seja.
Quer isto dizer que, se continuarem alguns sectores, com o apoio das centrais sindicais, a instigar greves e reivindicações de gastos com salários e de aumentos de benefício para os trabalhadores, o que há a fazer então é cada um pegar no bonézinho e sair por esse mundo fora a pedir esmola para subsistir. Carvalho da Silva, entre outros, terão de ir à frente, a menos, que já conseguiram amealhar o suficiente para escapar a debandada geral.

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