segunda-feira, 15 de março de 2010

MENTIRAS POLÍTICAS


CADA VEZ que se assiste, num programa semanal da SIC denominado “o Plano Inclinado”, ao que dizem três economistas portugueses de reputação inegável, Medina Carreira, João Duque e Silva Lopes, sobre o estado da Nação, temos de concluir que o que se apronta para ocorrer num próximo futuro, logo ainda nos nossos dias mas, sobretudo, quanto ao que os nossos descendentes vão encontrar quando lhes chegar às mãos a responsabilidade de acarretar sobre os ombros a herança que os actuais governantes lhes deixam, esse panorama não pode ser mais dramático e a vontade que nos fica de permanecermos a vida que ainda nos resta neste rectângulo e de convencermos a juventude actual para que arranje energias que cheguem para o que tiver de enfrentar, tudo isso não pode obedecer a uma atitude de honestidade e de patriotismo, pois que corresponde a seguirmos o exemplo dos políticos que nos estão a governar e que é o de afirmarem que há países que se encontram pior dos que nós e que, por cá, só os pessimistas é que não aceitam os benefícios que têm surgido pelas mãos dos que conseguem algo que a ingratidão das oposições não reconhece.
Fartos destes quadros cor-de-rosa para “inglês ver” estamos nós. Mas o certo é que não podemos fazer nada para contrariar o caminho que somos forçados a percorrer, mesmo vendo o fundo da linha a ameaçar-nos com a queda e não podendo deixar de dar razão ao que os mestres da economia nos dizem, naquele programa televisivo e nos comentários escritos que a comunicação social nos oferece constantemente.
Os portugueses encontram-se perante uma situação como a daqueles doentes com uma epidemia já em estado desesperado, em que os médicos afirmam não poder fazer nada para evitar o derradeiro momento, e em que todos os dias os sintomas são cada vez mais nítidos de que nada se pode fazer e que, talvez, só uma mudança de hospital e de remédios, com operações decisivas mas altamente perigosas, com uma reza aos santos milagreiros ou utilizando qualquer uma dessas medidas em último extremo é que provavelmente se produza o milagre. Só que, o clínico de serviço à cabeceira, aquele que entendeu tomar conta dos enfermos em exclusividade e tapou todas as possibilidades de aparecerem outros técnicos com eventuais soluções, esse, mantendo-se no lugar, continua a alimentar esperanças de que o problema vai ser resolvido. E as famílias, na falta de confiança em que outras mãos sejam capazes de salvar o seu parente, vão mantendo, ainda que cada vez menos, uma réstia de fé, suficiente para ir mantendo os técnicos de medicina com medo de que seja pior a emenda do que o soneto.
A pergunta que, no caso real que vivemos, tem de ser feita, é como é que Portugal se vai livrar da calamidade que acarreta e que, não sendo igual ainda ao que está a suceder à Grécia – o que constitui a consolação de Sócrates e do seu ministro das Finanças -, já se apresenta como sendo de extrema gravidade.
O PEC foi finalmente apresentado. Mas o que o Governo não consegue demonstrar é uma atitude que retire quaisquer dúvidas quanto às medidas de economia feroz nos gastos públicos. Todos nós, cidadãos, conhecemos situações que, à nossa volta, nos saltam sobre as despesas que os cidadãos suportam e que bem poderiam acabar drasticamente, podendo ser cada uma de pouca importância, mas que, no total do País, representam verbas de grande volume.
Os portugueses têm de saber a verdade. Não lhes pode ser escondido que o seu futuro, mesmo o próximo, não é nada apetecível. Só que os governantes não são capazes de falar verdade. Vivem agarrados à mentira. E nisso, Sócrates é o campeão!...

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