quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PORTUGUESES FORA DE PORTAS


NÃO É nenhuma novidade da minha parte. Já aqui me referi ao êxito que têm os nossos emigrantes e isso não é só de hoje mas sempre sucedeu ao longo da história das vivências de portugueses em terras estrangeiras. São tão raros os casos de insucessos que, de uma forma geral, não são conhecidas situações de desventura dos que são forçados ou optam pela vida fora das nossas fronteiras, sendo as mais antigas as que ocorriam no Brasil, desde a época da sua descoberta, e em que, mesmo com as anedotas que eram divulgadas dos “portugas” que ali se instalavam e deram mostras de grande vontade de trabalhar e de sucessos empresariais, apesar disso ou talvez por via disso serviram de exemplo ao próprios “brasucas”, que não demonstravam tanta apetência pela labuta diária.
E, pelo mundo fora, fosse e seja o destino que os acolheu e acolhe, há que reconhecer que os bons resultados constituem uma demonstração de que os portugueses, fora das suas fronteiras, são exemplares pela sua dedicação ao trabalho e ao bom comportamento como cidadãos.
E se isso se deu sempre em relação aos emigrantes lusitanos de todas as classes, na época actual temos exemplos bem nítidos de figuras que, por cá, nas suas actuações destacadas, nem por isso deram mostras de excepcional capacidade e, deixadas essas funções, ao ocuparem posições salientes no estrangeiro têm-se distinguido ao nível internacional. E, se queremos apontar dois casos paradigmáticos, não precisamos de ir mais longe, fixando a nossa atenção nas duas figuras que são bem conhecidas lá fora, em Durão Barroso e António Guterres, um mais do que o outro mas ambos com actuações merecedoras de louvor e com um sucesso indesmentível. No entanto, tendo sido os dois primeiros-ministros em Portugal, nessas funções não deixaram nada de notável e os seus sucessores até se queixaram publicamente de heranças políticas merecedoras de críticas. Já sabemos que Vítor Constâncio foi admitido como vice-governador do Banco Europeu, lugar que ocupará em Junho próximo e essa importante função lá fora poderá constituir a demonstração de competência de mais um português que dará mostras de que, passadas as nossas fronteiras, profissionalmente servimos de exemplo, como sucede a tantos outros, com as mais diversas ocupações.
Tudo isto para levantar a questão de, mesmo tratando-se de uma interrogação com certa dose de ironia, se os portugueses se deslocassem em bloco para outra zona diferente deste na Península Ibérica, não nasceria um país perfeito, com um povo impecável, trabalhador, cumpridor das regras, disposto a exercer as suas tarefas em bloco e com o intuito único de construir o seu futuro pleno de sucessos. E, obviamente, daí surgiriam os políticos, também eles portugueses, que, então sim, seriam profissionais que não seriam merecedores das críticas que, para cá das fronteiras, lhes são feitas e com toda a razão. Que grande sonho!...

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