segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

MENTIR



ATRAVESSAMOS toda uma vida e, ao termos por isso passado por múltiplas situações inevitáveis, não somos capazes de trazer à memória todas as mentiras com que fomos confrontados e nem sequer enumerar aquelas que tiveram origem em nós próprios.
É verdade que, a grande maioria dessas apelidadas “petas”, pela sua insignificância nem merecem ser retidas no pensamento. São aquelas de ocasião que não provocam danos e que, na maior parte dos casos, servem para desculpar os autores de qualquer falta passageira cometida.
Depois, a maior parte dos que mentem sem grande necessidade de o fazerem, praticam mal esse acto, engasgam-se, coram, usam até mal os gestos para ajudar ao convencimento do que dizem, mas a construção da mentira tem pouco fundamento e, por isso, deixam incrédulos os que os ouvem.
Pelo contrário, é preciso ter cuidado com os mentirosos treinados, os que não se equivocam e têm a lição bem estudada, que utilizam mesmo pormenores que ajudam a tornar mais aceitável uma mentira difícil de convencer.
Pior é quando uma verdade, da maior importância em ser divulgada, é recebida com desconfiança e logo considerada falsa à partida. Aí, perde-se a expansão de um argumento útil a muita gente.
Quem são, afinal, os maiores mentirosos? É bem conhecida a opinião generalizada dos cidadãos terrestres. E esse ponto de vista aplica-se também e com forte razão fundamentada ao que se passa no nosso País.
Nos sistemas ditatoriais faz pouca falta recorrerem os seus praticantes superiores ao uso da mentira. Não se consulta a opinião pública para conhecer se agradam ou não as medidas tomadas ou as que se venham a tomar. Nestas circunstâncias não se torna necessário recorrer à mentira para tentar convencer os cidadãos. Basta não dizer nada. Já em Democracia, em que a conquista do voto popular é imprescindível para se alcançar o poder, prometer o desejável mas impossível de atingir é o princípio mais comum dos praticantes da política. Criar ilusões de que serão atingidas benesses de que os cidadãos irão gozar se optarem por determinada escolha, essa é a atitude fundamental para que as urnas se encham de aderentes a uma causa. Depois, o não se cumprir o prometido, isso é consequência futura e até lá sempre passa algum tempo.
A mentira é uma característica própria do ser humano. Até dá a impressão de que o Homem não sabe viver sem utilizar no dia-a-dia a sua mentirinha. Nem que seja aquela que é considerada como piedosa que, muitas vezes, ajuda a que os mais infelizes sofram menos.

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