quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS



CADA VEZ me convenço mais de que não existe em Portugal a consciência da situação real que o nosso País atravessa e que, por sinal, também é sofrida por diferentes nações, da Europa mas não só. E esse afastamento do concreto, se é notado no que ocorre na actualidade, mais ainda se constata em relação ao futuro e não só ao distante mas sobretudo o que estará aí a bater à porta.
Quando surgem manifestações de vários agrupamentos laborais a exigir que o Estado – e particularmente este – proceda a melhorias das condições de trabalho, com o aumento dos ordenados e das regalias subsequentes, pondo os sindicatos em primeiro plano para organizar tais reclamações, a ideia que tem de nos saltar é que ainda há muita gente por aí que se encontra alheada do panorama generalizado que somos forçados a viver.
Ninguém duvida de que os salários da maioria esmagadora dos trabalhadores por conta de outrem são cada vez mais insuficientes para fazer face ao custo de vida em Portugal, mas é igualmente certo que aqueles que não se encontram na situação de estar à porta das empresas a reclamar o pagamento de salários em atraso e na esperança de que a mesma não feche as portas, esses, seguramente, não fazem manifestações a pedir aumentos salariais. E só pedem às alminhas para que, pelo menos, aquilo que têm tido, não acabe…
No que se refere aos funcionários públicos, os que encontram agora, por via dos seus sindicatos, em fase de expandirem a sua reclamação pelo facto de não lhes ter sido comunicada a melhoria dos seus vencimentos e até das condições que existem das suas reformas, sabendo-se que o número de trabalhadores naquela área é, por cá, elevadíssimo e que, pelo menos por agora, se trata de uma contratação que salvaguarda qualquer tipo de despedimento, o que se esperaria em último lugar era que, por muito justos que sejam os seus anseios de melhoria de condições de vida, fosse dessa área de trabalho que saltassem, neste momento concreto, as ameaças de manifestações de rua e, eventualmente, de greves.
Neste blogue, que me parece que algumas pessoas lêem, pelo menos pelos comentários que recebo, tenho dados mostras da minha preocupação pela inconsciência que existe ainda por aí quanto ao que nos devemos precaver em relação ao futuro que se aproxima e que, em face das múltiplas notícias que chegam todos os dias, não são de molde a permitir-nos atitudes desacauteladas. E, quem tem a sua vida ligada ao sector público, maior obrigação tem de não enfileirar em aventuras que podem aumentar ainda mais o risco em que se vive em Portugal.
Bem bastam as insustentáveis situações de ordenados altíssimos e todas as condições excepcionais de que usufruem uns tantos fulanos que, pelo facto de estarem instalados em altos cargos e especialmente em empresas com ligação ao erário público, se regalam com o que lhes cabe nesta Democracia nacional, em que as desigualdades sociais são tão exploradas.
Não se compenetrem os funcionários públicos da camisa de onze varas em que se metem, com as exigências a uma “patrão” que se encontra em vias de fechar a porta., que está a dar mostras claras de que é muito debilitada a sua posição financeira e não importa agora perdermos tempo a investigar a quem ca
be a culpa, não pensem bem, não e depois não se queixem de que, tal como uma fábrica, uma empresa, uma organização particular, chegam um dia ao ministério ou a uma das suas dependências e encontrem a porta fechada e um aviso pendurado no portão a indicar que se encontra “encerrado para balanço”, que é o mesmo que dizer que está ser feito apuramento dos activos para pagar aos credores externos.
Parece uma gracinha, pois parece. Mas há que ver depois se também se fazem manifestações para ver quem ri mais alto… ou se, pelo contrário, é para ver quem chora arrependido.

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