quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

APROVEITEM ENQUANTO HÁ!


EU JÁ DEVERIA ter entendido que não vale a pena prosseguir nesta senda de insubmissão quanto ao que ocorre errado no nosso País, pois não é por expressar para o exterior o que me vai no íntimo que se conseguem obter resultados positivos que provoquem uma reviravolta nos procedimentos dos portugueses, incluindo, claro está, os que têm a seu cargo a condução da vida nacional. Mas, que querem que eu faça? Não me sai do hábito que vem de trás, da minha antiga profissão de jornalista, esta espécie de vício que me leva a servir-me da escrita para dar mostras do meu direito à indignação. Não serve para nada, mas não me podem acusar de ser um insatisfeito mudo.
Aqui vai, pois, mais uma: eu tinha alguma consideração longínqua por esse homem que tem dedicado grande parte da sua actividade à Câmara Municipal de Lisboa, Refiro-me a José Sá Fernandes. Parecia que se tratava de alguém que, pondo de parte interesses pessoais, estava disposto a lutar para que as coisas tortas dentro do Município lisboeta corressem com a maior limpeza possível, pelo que as suas denúncias de alguns casos deixavam essa ideia. Mas vejam lá como são as coisas, é que sendo um português como todos nós, afinal o que parecia não correspondia à realidade, isto se se levar em conta um mail que chegou ao meu computador e que relata, com pormenores, que, afinal, não há grande diferença entre este “exemplar” e todos os outros que pululam por aí e que só se servem das regalias do Estado para obterem mordomias e posições chorudas.
Vejamos, então: esta figura recebe do orçamento da Câmara o simpático pagamento mensal de 20.880 euros. Mas não é só isso. Ao seu serviço no Município conta com nove assessores técnicos, uma secretária e um coordenador de gabinete, para além do motorista destinado ao cargo de vereador, de um outro motorista para o gabinete e de um contínuo… tudo a recibo verde!
Ora bem, este vereador que, por sinal não tem pelouro atribuído, é ele quem apadrinha os tais 9 assessores, alguns a tempo inteiro e outros com 50% de actividade, e em que os seus vencimentos andam na ordem dos 1.530 e dos 2.500 euros.
Este procedimento tem de nos levar a não conservar qualquer esperança de que consigamos assistir, na nossa existência, nós os que já não pertencemos à juventude, a um rejuvenescimento de Portugal em qualquer das suas vertentes principais, económica, política, financeira e, sobretudo, social, pois torna-se necessário mudar completamente de cidadãos para que outros que os substituam consigam impor alguma ordem moral e decência nos seus procedimentos, dando sobretudo o exemplo, que é o que tanta alta faz neste nosso espaço terrestre.
Como é que gente que anda a proclamar que é forçoso actuar com competência, com honestidade, com bom senso, tendo como ideal, acima de tudo, o País e não qualquer corrente política, como é que pessoas com tais características afinal não se diferenciam das outras que são só dão mostras de falta de qualidade e de ética para exerceram posições superiores?
Eu, por mim, não escondo e continuo a usar da sinceridade naquilo que expresso para afirmar que deixei, há muito tempo, de depositar confiança nos homens e que aqueles que cá temos não se preocupam já em esconder os seus defeitos. O que é preciso é aproveitar em pleno todos os benefícios que se consigam obter, não importando se se trata de alguma coisa que deixa más marcas no curriculum.
Claro, que eu também sou humano. Por isso, não me excluo da regra geral. E é isso que me preocupa seriamente.

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