domingo, 14 de fevereiro de 2010

ESCUTAS... DIVULGUEM-NAS!


ESTÁ POR DEMAIS falado e escrito o tema das escutas em que José Sócrates tem vindo a sair, cada vez mais, muito mal nas diversas “fotografias” em cada intervenção do próprio ou de qualquer dos seus apaniguados em que a sua imagem se afunda sem aparente solução. Eu, por mim, como não tive acesso aos tais telefonemas que, segundo dizem, se verifica uma perigosa situação em que a Democracia é bastante abalada – mas, até agora, ainda não foi possível tornar conhecidas essas escutas, pelo que o segredo que tem sido mantido tem contribuído largamente para piorar, digo eu, o verdadeiro conteúdo das conversas -, dado que a minha posição é semelhante, penso eu, à de todas as outras que têm vindo a ser divulgadas, tenho-me reservado a exprimir uma atitude radical, o que não quer dizer que não alimente também as minhas suspeitas, reservando por ora para mim a opinião final que poderá surgir na altura em que se passe a conhecer concretamente tudo aquilo que se disse nos tais telefonemas.
Bem, no entanto aquilo que se pode exprimir é que o que tem sido classificado como tentativa de “censura” à comunicação social, se não se verificou, de facto, andou por lá perto, e tudo indica ter sido produzida, não por via directa do sector oficial, mas com a intervenção da área financeira e através de empresas que, essas sim, ou dependem, total ou parcialmente, do dinheiros públicos, ou estão muito sujeitas à boa vontade dos poderes dependentes do Governo. Não é, portanto, a mesma coisa, mas o resultado é muito parecido.
Quer dizer, pelo que já foi divulgado e provocou a venda maciça de alguns títulos que até se encontravam em má situação financeira, o que, por isso, muito gratos ficaram aos erros praticados pelo grupo de Sócrates – que também aqui tem dado largas provas de inaptidão para gerir os seus próprios interesses -, todas as acções que tinham como objectivo calar a TVI, nem que fosse pela sua compra através da PT que, como é sabido, se trata de uma empresa próspera que se encontra muito dependente do Estado, as manobras que levaram José Eduardo Moniz a deixar aquela televisão e se ter transferido para uma outra organização da mesma área mas ainda com canal por abrir, o que lhe valeu, segundo apareceu a notícia, um lucro de alguns milhões de euros (ao menos isso), toda essa manobra, a pretensão de afastar Mário Crespo e o mais que ainda faltará divulgar constitui o enredo do folhetim que tem ocupado os noticiários e cujo final poderá constituir um drama pesado para alguém, para não dizer para o nosso próprio País. E isso se acabar, por exemplo, por resultar numas eleições antecipadas, perante o descalabro em que nos encontramos, se se chegar à também à saída forçada, ainda voluntária que seja do actual primeiro-ministro que, não podemos escondê-lo, está a representar um empecilho à necessária e urgente solução dos nossos autênticos problemas e que dizem respeito ao agravamento constante da crise que e não tem ninguém no Governo com cabeça fria capaz de encontrar soluções (é uma frase demasiado comprida, mas também este romance está-se a prolongar excessivamente), perante isso, a saída de Sócrates parece não representar um saneamento absoluto dos problemas actuais.
O que tem de custar a admitir, sejam quais forem as razões, aliás contradizentes por parte de especialistas na área do Direito, é que, para pôr ponto final na série de informações que aparecem constantemente a pretender relatar o conteúdo das tais conversas telefónicas entre diversos elementos relacionados com o primeiro-ministro, é que não sejam passadas para o conhecimento público, com absoluta limpidez, o que foi que se disse que tanto alvoroço tem provocado. Se José Sócrates não se sente atingido pelo que for divulgado, então que seja ele próprio a fazer essa declaração, para que os juízes, que parecem estar a querer protegê-lo, não fiquem limitados a um receio de se mostrarem contrários ao Governo. Urge acabar com o que parece ser para que não se exager em demasia o que a imaginação produz.
Se isso não for feito, então não se queixem os que estão a ser acusados nas ruas, uns pelo que fizeram ou não e outros por aquilo que tudo indica que tentaram encobrir.

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