sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ASSESSORES À FARTA!



FRANCAMENTE, nem sei já por que é que dou comigo a incomodar-me com certas notícias que surgem na comunicação social, sobretudo referentes ao nosso País, pois o habitual é que as asneiras se sucedam e que as que são originárias dos nossos governantes, dada a sua frequência, já nem nos deverem causar surpresa.
A que nos agrediu nesta altura foi a das nomeações efectuadas no segundo Governo de José Sócrates que, em grandes títulos nos jornais, se dizem superarem as que foram feitas por Santana Lopes e por Durão Barroso. E a lista é bem clara, pois que, nos cinco meses que durou a coligação PSD/PP foram colocadas mais de 1250 pessoas, das quais 940 para gabinetes ministeriais e no período de dois meses e meio em que Pedro Santana Lopes exerceu funções de líder do Executivo, em termos globais colocaram-se mais de 1.000 funcionários, sendo que 946 para servirem os ministros. Se, no tempo de António Guterres que foi primeiro-ministro entre Outubro de 1995 e Junho de 1999, o número total de empregos criados no funcionalismo público atingiu os 5.597 indivíduos, dos quais, só para quadros dirigentes, o número subiu a 3.465, pois não é que, em pouco mais de três meses, José Sócrates não perdeu tempo e para os respectivos ministérios permitiu a entrada de 997 pessoas?
Ora, haverá alguém neste Portugal que não se sinta seriamente preocupado por estes números, num período que, não tendo começado agora, já há muito tempo que deveria ter criado um espírito de precaução governativa para evitar que o futuro, como se verifica hoje, se apresentasse com extremas dificuldades para sairmos do atoleiro em que o País se encontra?
Por estes números se pode concluir que os governantes maiores, quando se sentam nos seus cadeirões, apenas dedicam atenção ao que ocorre na altura das suas governações, deixando para os futuros substitutos das suas funções a solução dos problemas que cada um deixa. O que importa é que, em cada momento, a imagem não seja degradada e que as populações se mostrem satisfeitas com as actuações dos que têm o encargo de governar… o que, verdade seja dita, não tem acontecido nos períodos menos antigos.
É por estes motivos que mantenho um grande desconsolo com o que nos é mostrado pelos governantes, aqueles que deveriam ser os primeiros a dar o exemplo e a pensar bem antes de agir. O livro que tenho há bastante tempo para publicar e que, com o andar dos acontecimentos cada vez tem mais matéria a aumentar as suas páginas, com o título “Desencanto por Enquanto” – há, por aí, algum editor disposto a fazer o lançamento que julgo merecer? - , essa obra vai acumulando razões de queixa que, divulgadas com bonomia, poderão servir para alimentar algum futuro contador de história autênticas que esteja pronto a relatar um período da nossa vida pública.
Por enquanto, parte dos textos ficam relatados neste blogue diário e. a seu tempo, alguns passarão a aumentar o número de páginas do volume que, por ventura, vier a sair. É só aparecer editor a oferecer-se, que eu, bater à porta de senhores tão importantes, é coisa que não faço. E, sobretudo nesta altura em que as acusações saltam por todos os lados de que José Sócrates anda a perseguir a comunicação social que não o adula, e isso é uma posição que não tomo nem nunca tomei quando exerci as minhas funções jornalísticas, quem sabe se não haverá algum sector editorial que não se queira colocar na posição incómoda de dar cobertura a quem se julgue no direito de fazer críticas, como é o meu caso, se bem que sempre com a devida compostura e tentando interpretar o pensamento dos outros, pois todos cometemos erros… mas nem todos somos chefes de governos.

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