quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A ENTREVISTA


APESAR dos desconsolos que nos atormentam, sempre que parece surgir uma ocasião para alterarmos a tristeza que nos invade todos os dias, agarramo-la com unhas e dentes e procuramos que esteja ali a solução para os males que nos atormentam no nosso País, que é o que sentimos na pele, muito embora não estejamos indiferentes ao que se passa fora de portas. Só que as comparações não servem rigorosamente para nada, como é uso e costume José Sócrates fazer, para tentar defender-se de que os outros também sofrem com a crise.
Agora, segundo foi divulgado, o Governo quer garantir a Bruxelas, através do seu Programa de Estabilidade e Crescimento, que os impostos não serão aumentados até 2013. O que quer dizer que a equipa socratiana não pára de lançar achas de boas perspectivas para o futuro, procurando esconder as realidades com pinceladas cor de rosa, dentro de um espírito que não sei se se filia no princípio de que o importante é iludir a realidade e manter o povo com algum ânimo para se queixar pouco.
A minha opinião não é essa, como tenho afirmado repetidamente, pois entendo que o prevenir é melhor do que o remediar e se os portugueses forem informados da verdade, estarão mais bem preparados para os acontecimentos que podem surgir a seguir e esses não apontam para uma tranquilidade porque o pior já passou – dizem os optimistas.
Pois causou uma certa ânsia ver e ouvir na televisão o que iria ser mostrado na entrevista que Sócrates deu a Miguel Sousa Tavares. Conhecendo-se o feitio forte do escritor, eu, pelo menos, previ que se iria assistir a uma questionário que não daria ocasião ao primeiro-ministro de fugir a respostas claras, sem aproveitar mais essa oportunidade para fazer propaganda da boa execução do seu mandato e apontando erros aos outros, que esses, sim, não serão capazes de fazer melhor do que ele. E acabou, por fim, por suceder isso mesmo.
Bem sei que o Miguel não tem experiência de jornalista (e, por um lado ainda bem), mas mesmo assim, tendo feito seguramente o trabalho de casa, deveria estar prevenido para as habilidosas fugas do seu entrevistado e interrompendo-o sempre que as respostas que eram dadas não se limitavam a esclarecer o conteúdo de cada questão. E, sobretudo, deveria ter feito, perante as câmaras e antes do início da entrevista, a advertência a Sócrates de que os portugueses estavam ansiosos por ser informados com clareza e não com argumentos que estão fartos de ouvir.
Dentro deste princípio, havia que apresentar situações que necessitavam, muitas delas apenas um sim ou um não, por muito difícil que seja, em determinadas perguntas não acrescentar algum esclarecimento. Mas reduzido. Porque é aí que Sócrates aproveita para meter as suas considerações propagandísticas que desvirtuam a importância de se ficar a saber a realidade.
Ora, foi isso precisamente que sucedeu no espectáculo que Sousa Tavares apresentou na sua estreia com o referido programa. Ter ido José Sócrates para esclarecer os portugueses sobre a sua actuação, face aos acontecimentos que o têm denegrido aos olhos dos portugueses, ou não ter lá aparecido, foi a mesma coisa. Portugal se tinha uma opinião quanto ao chefe de Governo que está actualmente nas suas funções, manteve-a. Se era má, não a melhorou. Se era de confiança, então conservou-a.
Para quê, portanto, andar a esconder o que tanta gente antevê? Não é que já saiu a notícia de que a idade da reforma vai passar para os 67 anos? Isso, apesar de haver ainda muita gente que se habilita a deixar de trabalhar aos 50 e poucos anos! E as reformas? Ninguém, no Governo quer falar nisso?
Eu, que tenho sido acusado de ter razão antes de tempo, não o faço por puro prazer, antes pelo contrário. Leiam o meu blogue de datas atrasadas e logo verão o que o que antevejo. E não tenho pretensões de ser bruxo!...

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