domingo, 17 de janeiro de 2010

POBRES REFORMADOS RICOS



QUEM, NESTE País que é o nosso, chegou à idade (e não antes disso) de beneficiar do direito de receber mensalmente o montante que lhe está atribuído como importância relativa à sua reforma, o que para o afeito descontou durante o tempo que lhe foi imposto, na maioria esmagadora dos casos arrepela-se ao verificar o pouco que lhe cabe e as dificuldades cada vez maiores com que tem de enfrentar o custo da vida que ainda tem pela frente.
O que se estranha, por isso, é que, como sucedeu por estes dias, surjam indicações de valores de que estão a beneficiar algumas figuras que por aí circulam e que, por qualquer motivo, encontrando-se já na situação de reformados, merecem a preferência da comunicação social para serem divulgados tais pormenores. Não vou, por isso, divulgar nenhum segredo, limitando-me a transcrever o que foi tornado público nas páginas dos jornais.
A propósito do caso que se arrasta nos tribunais há mais de cinco anos, o da pedofilia na Casa Pia, e em que estão envolvidos, embora ainda não acusados (nem se sabe se o virão a ser algum dia), nomes que são bem conhecidos publicamente, foram dadas a conhecer as verbas que correspondem a cada um dos envolvidos e que, só por curiosidade, passo a repetir: ao antigo apresentador televisivo Carlos Cruz cabem-lhe 3.100 euros de reforma; a Carlos Ritto, ex-embaixador, 3.045; ao antigo provedor da Casa Pia, 2.200 euros mensais; e ao principal implicado Carlos Silvino, ex-motorista da mesma instituição, apenas 450 euros por mês.
Por esta pequena amostra, se pode verificar como existem grandes diferenças entre cidadãos do mesmo Pais, sendo certo que os valores que correspondem a cada caso dependem daquilo que foi descontado nos pagamentos recebidos no passado por cada um. Mas, seja como for, existem situações que fazem pensar.
E, como é evidente, não figuram nesta pequena lista os montantes atribuídos a determinadas personalidades que, tendo exercido funções de enorme gabarito, mesmo que tenha sido por pouco tempo, sobretudo em empresas públicas, instituições bancárias e noutros cargos a que são atribuídas benesses especiais que não figuram nas regras gerais dos trabalhadores, essas excepções, que são excessivas no panorama nacional, permitem que haja gente que, ou não exercendo já qualquer profissão ou acumulando com outra que entretanto lhes tenha sido favorecida, podem gozar de disponibilidades financeiras que lhe dão descanso quanto a enfrentar a chamada crise que só afecta as maiorias.
Isto, só para mostrar como são tratados os portugueses, sendo que uns são de primeira e outros, como nas antigas carruagens dos comboios, de segunda e de terceira classes, para não dizer que também há aqueles que são acumulados a monte nas destinadas às mercadorias.
Mas, deitem-se as mãos ao Céu, porque poderá chegar uma altura em que até acabam de vez os tais meios de transporte, sendo certo que sempre existirão os que conseguiram juntar bastante dinheiro até lá e, nessa altura, mudando mesmo de País, utilizarão os meios próprios… e, se calhar, de luxo!

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