terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O MISTÉRIO DO FUTURO



HAVERÁ ALGUÉM que consiga descrever o que será a vida de todos os habitantes terrestres daqui a cinquenta anos, para nos limitarmos a apenas esse espaço de tempo? Por muita imaginação de que sejamos possuídos, é possível acertarmos em pormenor com a maneira como se comportarão, de uma forma geral, os que, nessa altura, andarão por este mundo?
Com a velocidade com que, desde as últimas décadas do século XX e já agora no que estamos a percorrer, se desenvolveram e continuam em progresso as descobertas científicas e tecnológicas em diferentes sectores, poderemos prever que atrás de cada novidade outros inventos não irão surgir e que aquilo que hoje mesmo nos causa surpresa será rapidamente ultrapassado por novas invenções, ao ponto de nem haver ocasião para se gozar em pleno o que o homem é capaz de ir produzindo continuadamente.
Os que têm idade agora para isso recordam-se, sem dúvida, dos tempos em que o telefone estava limitado a formatos e a utilizações restritas aos locais para isso instalados. Ninguém imaginaria, cinquenta anos atrás, que se passaria mais tarde a andar com esse objecto de comunicação imediata connosco no bolso, embora, hoje em dia, já se saiba que os telemóveis que usamos, pelo menos os que não têm posses para modelos muito sofisticados, dentro de muito pouco tempo serão substituídos por aparelhos que, num só objecto, darão satisfação ao ser humano em áreas que, já hoje, se conseguem através da utilização de diferentes mecanismos muito sofisticados. Este é um exemplo, porque, no campo da evolução inventiva, sabe-se lá o que vai ainda aparecer que transformará completamente a forma de viver dos sempre insatisfeitos humanos de hoje.
Mas, ficando-nos apenas pelo sector da informática, com a invasão de quase todo o espaço de actuação dos habitantes do Globo desses aparelhos que, progressivamente, foram ocupando o espaço das diversas idades, ao ponto de serem mesmo os mais jovens que, nesta fase, dominam o seu uso, aquilo que tem de constituir uma preocupação é que o contacto face a face dos mais novos – e não só – vai sendo substituído pelo teclado dos computadores, pois que as conversas que, provavelmente, nem existiriam de via voz, ocorrem agora através dos “Messengers”, dos “Facebooks”, dos “mails” e de outros modos de comunicação que os “écrans” facilitam.
Será que, num futuro, as trocas de impressões, amigáveis ou antagónicas, o contacto pessoal, com o cheiro que ajuda a caracterizar os parceiros, deixará de existir?
Hoje em dia, as saudosas tertúlias de outros tempos, que constituíram muitas criações de grupos culturais de que eu me recordo constantemente, já só muito raramente se verificam. A leitura dos livros, embora ainda se mantenha e não se tenha perdido ainda também o apalpar do papel, tudo indica que, cada vez mais, vai ser a Internet que fará o funeral das livrarias, essas instituições comerciais que sempre constituíram - e talvez se mantenham por algum tempo – o ponto de encontro dos “perdidos pelos livros”.
Eu prefiro não amachucar a minha imaginação com a “pintura” do que será o futuro. Como também já cá não estarei, quem não teve contacto com o panorama que foi vivido antes não tem possibilidade de estabelecer a comparação.

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