domingo, 27 de dezembro de 2009

VIDA VELHA



O ANO de 2009 está de partida. Mais um, depois de todos os que passámos e quanto mais idade nós temos maior é o número de passagens de ano que já comemorámos, sendo que as perspectivas de que o período novo que se aproxima terá de ser melhor do que os que ficaram para trás. Para isso cumprimos a tradição e subimos, à meia-noite, a uma cadeira e metemos na boca as doze passas ou bagas de uva e fazemos os nossos pedidos íntimos. Depois, acreditando ou não no resultado, quedamo-nos na expectativa quanto ao que vai suceder. O Homem é um animal de crenças, por muito que pretenda mostrar que a sua superioridade não se coaduna com esses caprichos de “gente menor”.
De facto, tratam-se, de uma forma geral, de hábitos de cariz religioso ou místico, cada um com as suas preces íntimas See em especial o Natal é encarado com mais sentido de que se trata de uma comemoração do nascimento de Cristo, personagem esta que, tendo historicamente existido, escolheu uma época apropriada para se mostrar ao Mundo, porque, se fosse hoje que tal acontecesse, seguramente que se depararia com uma imensidão de inimigos que não o deixariam nem sequer abrir a boca, por muito que utilizasse os mais modernos meios de comunicação que o Homem, entretanto, criou.
Claro que os não crentes têm sempre motivos para dar mostras do seu afastamento das linhas religiosas. E este ano, com as intempéries que se têm visto por tantos lados, a questão que mais salta à ideia é a de que se não seria natural que, ao menos nesta época, a mão divina impedisse que houvesse tantas desgraças provocadas pelas “zangas” da Natureza.
Mas o tempo passa, os anos surgem novos, os homens recomeçam as suas tarefas, os problemas não param e as discórdias entre os seres que não abandonam as suas características egoístas, tudo isso, juntamente com a velocidade da ânsia das descobertas de modernidades que se sucedem sem quase dar tempo para serem gozadas com a tranquilidade mínima, parece não contribuir para aquilo que, ao fim e ao cabo, seria a que mais interessava aos que andam por este mundo: a felicidade.
E a extensão dos anos de vida contribui também para que os problemas humanos se arrastem. Se repitam. Se compliquem.
Vem aí, pois, o ano 2010. São mais doze meses, outros 365 dias e uma crise em que não existe ninguém que diga se este será o período em que entraremos na tranquilidade dos espíritos e em que os cidadãos, sobretudo os mais responsáveis, os que dispõem de maior possibilidade de interferir dão mostras de ter aprendida a lição e tomarão juízo, indo recomeçar uma vida já de paz e de comunhão de interesses, afastando o desejo de que os benefícios sejam exclusivamente para si próprios.
Vai ser desta vez? Acabarão os terrorismos que não há religião que possa explicar? Entrarão na linha os detentores do poder económico e financeiro e que, no fundo, estiveram na origem dos problemas mundiais que levaram ao terror que tem sido defrontado? Os afeganistãos, os iraques e os Irões, assim como as palestinas, os israeis e todas as questiúnculas africanas, bem como as dissidências em várias partes do Globo, tudo isso passará a ser memória triste do passado?
Haja quem acredite. Dizem que o querer é poder. Agora o “crer”, isso já é outra posse.

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