quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

UNS SOFREM, OUTROS RIEM-SE...



NÃO VALE A PENA insistir no assunto que eu costumo debater? É, como se diz normalmente, chover no molhado? Trata-se apenas de uma choramingueira que não leva a lado nenhum? Mas então, se ninguém levantar a voz, nem que seja escrevendo no computador, tudo continua na mesma ou caminha ainda para pior? Pois que seja, mas, mesmo tratando-se da época do Natal, em que a maioria das pessoas mete a viola no saco e dedica-se apenas a dar mostras do seu cinismo com os desejos de “boas festas” a torto e a direito, apesar disso não sigo esse caminho e não contenho dentro de mim toda a revolta que, como português e cidadão, não aceita o desleixo em que nos deixámos cair.
O drama que se generalizou pela maioria esmagadora da população portuguesa, o de não ter dinheiro mínimo que chegue para fazer face às despesas correntes de uma família e de, por isso, se irem acumulando dívidas que, em círculo vicioso, se transmitem em cadeia, esse panorama tornou-se uma vulgaridade na vida portuguesa, mas, completamente ao contrário, há por aí certa gente que, cada mês, vê acumularem-se fartos dinheiros pois que os seus vencimentos nos lugares que têm a sorte de ocupar são de tal maneira chorudos que não há crise que lhes chegue.
Já aqui tenho referido casos que têm de provocar revolta por parte dos que sofrem as consequências de baixos salários e sobretudo do desemprego, e esses casos correspondem aos altos cargos que são exercidos em múltiplas empresas públicas, onde as regalias de salários pomposos e de acréscimos com benesses sumptuosas originam o encher os bolsos de uns tantos privilegiados que, de uma forma geral, são constituídos por familiares ou amigos de governantes ou até de membros de partidos que, na altura, se encontram bem situados na escala política. Esta verdade ninguém está interessado em desmentir, sobretudo para não levantar ondas e procurar que o assunto passe o mais despercebido possível.
Mas não são apenas as empresas com intervenção do Estado que praticam tais exageros salariais. Veio agora à tona a notícia de que também os Bancos seguem a mesma norma e foi mesmo mais longe ao esclarecer que, no ano de 2008, período em que varais instituições bancárias abriram falência em todo o mundo (e por cá foi o que se conhece), cada gestor da banca portuguesa ganhou, em média, 698.081 euros, ou seja mais 13,7% do que no ano anterior.
E, para deixar bem claro o que serviu de informação ao público leitor, foi esclarecido que, por exemplo o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, só ele levou para casa, no final de 2008, 362.630 euros. Isto, claro, sem referir os pagamentos de despesas que terão sido consideradas como correspondendo ao cargo que exerce.
Mas, há ainda mais. Na área das reformas que, na maioria esmagadora dos cidadãos comuns da nossa Terra, andam por umas escassas centenas de euros mensais, no sector financeiro os administradores executivos, juntando o que lhes corresponde pela cessação de emprego a pagamentos baseados em acções e outras responsabilidades, auferem qualquer coisa como 20,5 milhões de euros.
Como lhes deve afligir o aumento para o próximo ano, e que está já autorizado, do custo do consumo de electricidade de 2,9% ! E que diferença lhes provoca que o poder de compra de Portugal seja inferior em 27% ao da nossa vizinha Espanha e seja só ultrapassado pela Polónia, Bulgária e Albânia, numa escala em que o Luxemburgo, esse pequeno País, se situa à cabeça no capítulo do tal poder de compra.
Repito, pois, o que afirmo acima: tem alguma utilidade, para além de transmitir a quem ler este meu blogue o que não pode passar desconhecido dos cidadãos deste País, fazer este como outros registos que, pelo menos graças à informática, pode ser divulgado. Mas só isso!...

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