segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

MAROCAS!....



JÁ TIVE, NESTE ESPAÇO, ocasião para me referir a esse homem público que, ao ter passado, há dias, o seu 85.º aniversário, deu ocasião a que fosse referido, por esse motivo, nalguma comunicação social portuguesa. E, da minha parte, devido ao facto de ter sempre acompanhado, relativamente de perto, a caminhada de quem, apesar da idade a que já chegou, ainda dá mostras de estar em plena forma e de ter para dar ainda bastante da sua aptidão para, pelo menos, aconselhar os mais novos, não lhe recuso o reconhecimento de que, aprecie-se ou não a sua actuação política, se trata de alguém que foi de enorme utilidade na salvação do fundamental desse movimento militar contra a Ditadura, dado que foi graças à sua intervenção que a Democracia, então perigosamente ameaçada, conseguiu ser implantada em Portugal. A juventude de hoje e os que não assistiram ao descalabro que esteve para ocorrer nessa altura, não podem comungar do respeito que é devido a Mário Soares, dado que não é apenas pela sua actuação como Presidente da República e na posição de chefe de um Governo que se pode avalisar devidamente a sua enorme importância como pedra fundamental para ter sido dada a volta ao período ditatorial que se viveu por largo tempo no nosso País. A História, daqui a alguns anos, liberta de tendências, contará a verdade. Assim espero.
No que me diz respeito, por ter idade para isso e ainda porque a minha profissão de jornalista me deram oportunidade para andar atento às ocorrências que se foram desenvolvendo, antes e depois da Revolução, e também porque acompanhei Mário Soares em dez viagens que fez ao estrangeiro, na altura em que era fundamental obter o apoio de vários países para a nossa adesão ao Mercado Comum Europeu, tive oportunidade de constatar como o nosso político era favorecido com a consideração e respeito por parte de inúmeras figuras gradas de governos estrangeiros, facto que na altura não era tão corrente como hoje sucede. Sobre estas viagens tenho para contar muitas facetas que bem demonstram a maneira descontraída e natural como o nosso representante solucionava os problemas, mesmo os mais bicudos, com a maior naturalidade e simpatia.
Como director que fui do semanário “o País”, não pude deixar de levar em consideração a opinião que mantinha e conservo sobre o nosso político e por isso, nas alturas mais difíceis da sua actuação como chefe de um Governo, contra uma opinião que começou a correr por cá que dava mostras de não apoiar as medidas que eram tomadas na época, nunca deixei de encontrar motivos para justificar os passos que eram dados em S. Bento e isso porque não vislumbrava no ambiente político da altura quem pudesse prestar melhor contributo em relação aos problemas que, já então, existiam no nosso País.
Como sempre, tive razão antes de tempo, mas isso não obstou que tivesse passado um mau bocado, pois as vendas de “o País” ressentiram-se de tal facto. Só que eu nunca fui de torcer e sempre preferir quebrar, sobretudo se a causa que defendo me parece ser a perfeita. E, nessa altura, estava em causa preocuparmo-nos com a situação do nosso Portugal e havia que tomar uma posição em vez de procurar apenas seguir a corrente para vender mais Jornal. Não me arrependo.

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