terça-feira, 15 de dezembro de 2009

GENTE CONTENTE




POR MAIS que os contentinhos da silva se arrepelem e considerem que a nossa geração – porque é agora que nós vivemos – tem de andar satisfeita, eu sou dos muitos que entendem que a verdade é bem outra, pois que ela se defronta com uma bem difícil situação que os cidadãos do mundo poucas vezes terão suportado tão intensamente. É certo que as condições em que se vive actualmente, dentro das novas tecnologias e com a rapidez de conhecimentos que atravessa num segundo todo o Planeta, em que essas características permitem tanto dar as boas notícias como transmitir as desgraças e as crises, tal condição dá azo a que, como sucede actualmente, tanto uma gripe A como uma peste financeira se transmite com um simples espirro. E não vale a pena bater mais nesta tese, pois já não haverá muita gente que ainda se encontre longe da realidade da vida de hoje. Só os demasiado optimistas, que persistem em querer enganar-se com a esperança de que a felicidade se encontra basta apenas a desejarmos, são só esses que se iludem. Deixemo-los, pois, viver nessa fantasia.
Porém, quem pretende lutar, com todas as suas forças e, se bem que limitado ao poder que tiver, não esconde as realidades, esses preferem enfrentá-las, procurando ter conhecimento dos motivos que criam as dificuldades que nos envolvem. E falo pelo que se passa em todo o mundo e não apenas em Portugal. Por mim, nestes blogues tenho procurado prestar o contributo para não deixar na ignorância os que não se mostram muito dispostos a andar ao corrente do que se passa.
Nós vivemos neste País que, valha-nos pelo menos isso, tem uma História longa e que coloca o rectângulo mais a Ocidente da Europa numa posição histórica honrosa. Não nos podemos cansar de lançar aos quatro ventos tal verdade. Mas só isso não basta. Não temos apenas de nos conformar com um passado longínquo, é forçoso que demos mostras ao mundo actual que ainda somos capazes de sobressair das dificuldades que vão aparecendo e que não estamos dispostos a continuar a figurar nos lugares inferiores da escala das competências mais importantes. E é isso que, de há bastantes anos para cá, tem sucedido, quer no decorrer do regime ditatorial que tivemos quer após o 25 de Abril, em que não demos mostra de saber tirar proveito da Democracia mas de que enchemos a boca a propósito de tudo e de nada. E sobre isso nem faz falta fazer aqui uma lista dos desconsolos que enchem a memória dos que assinalam os acontecimentos.
Só nestes últimos dias se podem apontar muitas situações que têm de provocar o desânimo de todos nós, portugueses. Por exemplo, que Portugal está, cada vez mais, na mira das redes internacionais do crime, exactamente porque a Justiça por cá é coisa que até faz rir os que são hábeis no tráfico de drogas, no furto e no roubo, nas corrupções que se tornaram na coisa banal que dá fortunas a gente bem colocada e uma enormidade de comportamentos que se instalaram no nosso seio e de que não se assiste a uma maneira eficaz de lhes pôr cobro.
A política nacional, como é sabido, caiu num ciclo vicioso que nos faz a todos não confiar nos homens que se situam nos lugares cimeiros e até surgiu agora José Sócrates, ele mesmo a afirmar que “Portugal é ingovernável”, agora que não tem nas mãos o poder completo com uma maioria absoluta.
Há então razão para passarmos esta época natalícia a fazer pedidos ao Pai Natal, outros que não sejam o de fazer chegar ao nosso País um pouco de bom senso político, de entendimento entre todos os que tomam assento no Parlamento – PS e oposições - e que, por terem opções diferentes, perante o estado em que nos encontramos deveriam procurar não aumentar as dificuldades?
José Sócrates, ele de novo, fez ontem o aviso de que, se continuar a falta de acordos entre os vários partidos políticos, a renúncia a prosseguir na chefia do Governo é atitude que não será posta de lado. Poderá ser uma forma de se vitimizar, pois não quererá dar o braço a torcer e, perante a realmente difícil maneira de conduzir o Executivo sem ter na sua mão o mando absoluto, preferirá o caminho mais fácil para ele, mas bastante grandemente perigoso para o País!...
Devemos, então, andar contentinhos com tudo isto?

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